Non scholæ sed vitæ discimus

quarta-feira, 4 de outubro de 2023

 D. Isabel Carlota Gomes da Silveira

                                                                                                                      

D. Isabel Carlota Castello-Branco Gomes da Silveira

 Incident imaginem

                    Outra vez, escoimados da costumeira empáfia daqueles que tudo sabem da genealogia, vimos de forma inédita, como tem sido praxe das postagens deste bloguezinho, resolver mais um mistério genealógico.

                 Aqui tudo tem sido insólito. Não há plágios das obras que eram desconhecidas e que foram disponibilizadas ao público após o advento da cibernética, i.e.: Revistas do Instituto Histórico do Ceará; Itaytera, Hyhyté, manuscritos e demais obras genealógicas raras...  

                Temos sidos infensos quanto à publicação de obras impressas, posto as múltiplas cópias fac-similares que estão a fazer ilegalmente, muitos destes até em pré-lançamento, sendo imediatamente copiados, ato contínuo disponibilizadas nos meios eletrônicos, mesmo possuindo ancho, pesado y largo material que amealhamos com viripotente esforço em mais de trinta anos de duríssimas pesquisas. Enquanto perdurar essa corrida maluca para aquisição da nacionalidade lusitana, os intere$$ados e intere$$eiros perpetuarão esta vilania.  

             Tem sido das mais duras nossa peleia para salvar os documentos que adejam nos labirintos dos fóruns, comumente nos cartórios. Material de VALOR SINE-QUA PARA NOSSA HISTÓRIA! IMPRESCINDÍVEL e URGENTE!

           Aqui deixamos registrados os recorrentes absurdos que deparamos quando tentamos acessar documentos  nos fóruns de algumas comarcas onde centenas de inventários dos séculos XVIII e XIX (Brasil Colônia e Império), jazem à discrição do mofo e das traças. Muitos deles quando não estão empilhados ou jogados no chão, estão “acondicionados” até em sacos de cimento (sic), sem embargo das sobreditas autoridades imporem portentosa chicana processual condicionante ao acesso dos pesquisadores a retromencionada documentação. Mesmo sendo in situ!!

              Porventura o Arquivo Público do Estado não se presta para destinar este documental histórico? 

                 Muito, mas muito da nossa história tem se perdido pela prebenda e descaso do poder público. 

              Quando não é isso, são os finórios que engabelam os livros de assentos eclesiásticos.

             A diocese do Crato que diga melhor do que nós. Até hoje desfalcada dos livros mais antigos de batismos, matrimônios e óbitos da freguesia de São Vicente Ferrer das Lavras da Mangabeira que foram parar como por “encanto” no cano superior da bota itálica. 

            Aqueles obrigados a dar cobro a este pavoroso desfalque nada fizeram. Será que a sinecura lhes é mais conveniente!?  Blateram prometendo que vão fazer isto, isso, aquilo e no final, nihil versus nihil. Coram e assim perjuram-se: “Desta vez faremos o finório devolver os livros”, todavia o rubor inicial, o ânimo logo desaparece dando lugar a tez cerúlea nestes paladinos.


Saiamos dessa charneca...

          

            Nesta oportunidade damos cobro a um dos muitos desafios que nos submeteram os investigadores da genealogia das famílias pioneiras do Maciço do Baturité. E porque não dizer, de todo Ceará, uma vez que a Vila Nova Real de Monte Mor o Novo da América sempre se prestou como concílio e último recurso de salvação do sertanejo nas grandes estiagens que a tudo e todos acabrunhava. Ali se salvava o gado. Ali não se morria de fome. Havia pequenos engenhos e aviamentos, rapadura e farinha. Todos de uma forma ou outra se encontravam no Baturité. Muito obrou seu padroeiro, o Sr. São João Nepomuceno na proteção dos seus fregueses e principalmente dos ádvenas daquele oásis.

                      Muito gente está viva hoje por terem tido seus ascendentes salvos da fome graças a uberdade da Serra do Baturité! 

                      Doravante iremos elidir e sanear milhares de árvores genealógicas que pairam pendentes. A quantidade de árvores estagnadas impressiona!  Basta acessar os mais diversos sítios genealógicos e afins, i.e.: FS, MyHeritage, Geni, FTDNA, Ancestry, 23andMe, Genera...

                      Este nó górdio que ora desatamos trará enormes surpresas aos descendentes de D. Isabel Carlota da Silveira, lidima representante de três, das quatro das mais antigas e tradicionais famílias do Baturité, os Nogueira de Lucena, descendentes do Alferes Manoel Nogueira de Lucena e D. Firmiana Calado do Rego –aka- Firmiana Rosa dos Prazeres; Os Castelo Branco do Cel Matias Pereira Castelo Branco e D. Emerenciana Correia de Sousa e os Gosmes da Silveira do Cap João Gomes da Silveira (com sua distinta ascendência Dom Antonio Barbalho Pinto e Ana da Silveira nos exórdios do séc. XVI no engenho Camaratuba, Paraiba) e D. Isabel Barbalho de Vasconcelos descendente em linha direta dos Soares de Avelar.       

                       Dessarte, elidimos neste exato instante o enigma que perdurava por mais de meio século.

                     Forte é a motivação de D. Isabel Carlota para se distanciar da nucleação Castelo Branco no Baturité. Azo que envolve diretamente seu tio materno, Pedro José Pereira Castelo Branco, ele mesmo, o Pedro Crú, cognominado pelos mesmos “talentos” de Dom Pedro I de Portugal que mandou matar Álvaro Gonçalves e Pêro Coelho arrancado a ambos os corações ainda pulsantes, sendo do primeiro pelas costas e do outro pelo peito. É que ambos mataram sua única paixão: D. Inês de Castro.

                     Retornaremos ao Pedro Crú serrano em postagem futura juntamente com longa genealogia inédita dos Castelo Branco no Baturité.  

                    D. Isabel Carlota da Silveira nasceu no Baturité na primeira semana do mês de fevereiro de 1839, sendo batizada com os SS. Óleos na Matriz de Nossa Senhora da Palma aos 05/04/1839.  D. Isabel Carlota é filha legítima de Antônio Gaspar da Silveira e de Alexandrina Maria Castelo Branco. Foram padrinhos de batismo seus avós paternos, Gaspar Nogueira de Lucena e D. Rosa Francisca da Silveira.

                     O casal Gaspar Nogueira de Lucena e Rosa Francisca da Silveira Vasconcelos, por sua vez, são tios do Cel Targino José Góes, esposo e primo de D. Isabel Carlota da Silveira.

                     Aqui pulverizamos mais outra TO que sugeria ter o Cel Targino José de Góes vindo desde a Ribeira do Mossoró fugindo das intempéries climáticas e chegando de forma inopinada ao Baturité como um reles forasteiro sem recursos, e ali se apaixonando por D. Isabel Carlota acertando o jackpot.

                    Os pais de D. Isabel Carlota dispunham de muitos haveres, eram ricos. Gado vacum, equino, lanígero, muitos muares, caríssimos aquela época no Baturité, verdadeiros tratores e caminhões trucados da época. Possuíam comumente grande escravaria para aquele lugar e época. Eram donos de muitas léguas de terra tanto no Baturité como nos sertões de São Bernardo de Russas.      

                    Gaspar Nogueira de Lucena nasceu em meses de 1791 e faleceu aos 29/01/1856. Ele é neto pela parte paterna do Alferes Manoel Nogueira de Lucena casado que foi com Firmiana Calado do Rego.

                D. Rosa Francisca da Silveira Vasconcelos nasceu aos 27/08/1799 no Baturité, sendo batizada com os SS. Óleos naquela matriz aos 18/09/1799, filha legítima do Cap João Gomes da Silveira Neto(*) e D. Bernarda Francisca de Vasconcelos, como padrinhos, José Raimundo e Antônia de Sousa Nogueira (não nos descuremos desta personagem), ambos residentes na freguesia de São José do Ribamar do Aquiraz. Oficiante o Revdmo. Pe. José Pereira de Castro. 

(*) O Cap João Gomes da Silveira Neto foi presente e cabecilha na sessão de 10/10/1824 que aprovou o apoio do Baturité à Confederação do Equador.

               São avós paternos de D. Rosa Francisca, o Ten Luís Gomes da Silveira e D. Maria Vidal de Mendonça e avós maternos, Estevão de Sousa Borges e Ana Maria de Vasconcelos.

                  Antônio Gaspar da Silveira pai de D. Isabel Carlota nasceu aos 15/11/1816, sendo batizado aos 14/04/1816 em Monte Mor o Velho da América, atual Pacajus, filho primogênito do casal Gaspar Nogueira de Lucena e Rosa Francisca da Silveira Vasconcelos.  

                  D. Alexandrina Maria Castelo Branco mãe de D. Isabel Carlota da Silveira nasceu c. 1818 sendo filha legítima do Ten Cel  Manoel Felipe Pereira Castelo Branco (Nosso hexavô, o pioneiro da implantação do Café no Baturité) e D. Isabel Maria Gomes da Silveira. Seus avós paternos: Antonio Pereira Castelo Branco e D. Francisca Saraiva Leão –aka- Francisca Maria Leitão filha legítima de Alexandre de Brito Pereira e Albina Ferreira Souveral.  

                  Não discorrerei aqui sobre a ascendência paterna do Ten Cel Manoel Felipe Pereira Castelo Branco até sua quarta geração, tampouco sobre seus filhos, (os tios pelo costado materno de D. Isabel Carlota), pois conhecidos à exaustão.     

                  Estes os tios de D. Isabel Carlota da Silveira por seus avós paternos, o Cmt Gaspar Nogueira de Lucena e Rosa Francisca da Silveira Vasconcelos todos nascidos no Baturité:

 - Gaspar Nogueira Lucena, Jr. *1818 cc. Maria Joaquina Sanches Ribeiro Campos

- Francisca Xavier Melo, *1820 cc. Raimundo José de Oliveira

- Ana Isabel de Sousa, *1824 cc. Antonio Dionísio de Queiroz

- Isabel Francisca de Sousa, *1827 cc. José Antonio da Silveira

- Rosa Francisca da Silveira, *1831  (Não falecendo inupta, todavia o autor ignora seu consorte)

- Maria Rosa de Sousa, *1832 cc. José Antonio Correia

- Severino da Silveira *1833  

- Josefa Antonia de Lucena *1834 cc. Antonio Silveira Machado

- Raimundo Nonato da Silveira *1837

- Luisa Rufina da Silveira *1838 cc. Rufino José de Oliveira


                  Isabel Carlota da Silveira recebeu as bênçãos nupciais na Matriz de N. Sª. da Palma no  Baturité aos 25/11/1853 ao matrimoniar-se com seu primo, o Cel Targino José de Góes nascido aos 20/11/1828 na Ribeira do Mossoró. naqueles idos circunscrito à província do Ceará. 

 

Lápide no Cemitério São Miguel Arcanjo em Aratuba-CE. 
(Imagem do autor)

“O Cel Targino José de Góes é filho legítimo de Antonio de Góes Nogueira e Cosma Barbalho”

              A informação retro corre por inteira conta e risco do autor Lauro da Escóssia e daqueles que dele copiam. 

               Possuo grande desconfiança quanto à esta filiação, sem embargo ser o Cel Targino bisneto do Alferes Manoel Nogueira de Lucena e Firmiana Calado do Rego. 

Irmãos para D. Isabel Carlota nascidos no Baturité:

 - Raimunda Maria Castelo Branco

- Raimundo José Castelo Branco

- José Nogueira Castelo Branco

Diferente dos irmãos, D. Isabel Carlota não adotou o sobrenome Castelo Branco. 

 

           Difícil conceber a ideia de D. Isabel Carlota ter tido 14 filhos, sendo quase todos com farta prole e conseguido eclipsar sua ascendência durante tanto tempo. Mirabilis!


Todavia, a rusga com o Pedro Crú, além de explicar, justifica. 


Dom Francisco Targino da Silveira (O Chico Targino) filho de D. Isabel Carlota da Silveira e do Cel Targino José de Góes.


                     O Chico Targino, boêmio inveterado, compositor de chulas, contador de anedotas, exímio jogador de carteado. O arquétipo do mulherengo da época. Verdadeiro womanizer.  Quando trabalhava na Rede Viação Cearense-RVC estando estacionado na cidade do Iguatú no segundo decúrio transato século,  conheceu uma viúva endinheirada,  e assim, sem apelo, agravo ou sursis aplicou o golpe do baú com todo o talento que lhe era assaz peculiar.  O Chico Targino levou muita grana da viúva "lavando a égua".   


Sarah da Silveira Góes filha de Raimunda da Silveira Góes e neta de Isabel Carlota da Silveira.


Targino José da Silveira,  neto de D. Isabel Carlota da Silveira por sua filha Raimunda da Silveira Góes.  


           

                   E assim, numa manhã de uma quinta-feira, no dia 28 de março de 1929, aos noventa anos, na Fazenda Ipueiras de sua propriedade, (Ipueira  dos Targinos hoje o 2º maior distrito de Canindé, Ceará)  faleceu da vida presente D. Isabel Carlota da Silveira, lídima e sola matriarca dos milhares de Silveira Góes que a partir desta postagem saberão que são e que sempre foram Castelo Branco da gema.

 

            Aos genealogistas e demais pesquisadores: Copiem, colem, resolvam suas pendências genealógicas, todavia aqueles que puderem memorar informem esta nossa piccola fontana emanada unicamente deste blog.

 

Finis Coronat Opvs

 

 

040307ZOUT23QUA  dia do trânsito do seráfico São Francisco de Assis

 

“Louvado seja meu Senhor com todas as suas criaturas”

 

Em São João del-Rei nas Geraes    

 

Clovis Ferreira da Cruz Ribeiro de Campos Lobo, PVT.  



quinta-feira, 23 de março de 2023

O Vicente da Caminhadeira

 

O Vicente da Caminhadeira

 Vicente Lopes Vidal de Negreiros




         Sem necessidade de matizarmos acontecimentos, malgrado nosso, característica intrínseca de muitos dos cronistas-historiadores cearenses, vimos aqui descortinar, mais uma vez, com o ineditismo que invariavelmente tem pautado este bloguezinho, outro episódio que possui magno relevo em nossa história, desta feita, nos faustos criminais. 

          A vida de Vicente Lopes Vidal de Negreiros foi constituída no mais espetacular enredo de crimes e perseguições supra-estaduais que eclipsa, com folga, o melhor roteiro de qualquer filme de faroeste hollywoodiano.  

               Nesta postagem reparamos muito daquilo que ficou dispendido até este instante sobre os sucessos do Vicente da Caminhadeira eternizado nas <Memórias do Prof. Ximenes Aragão> “salvas” pelo cronista-romancista-político-jornalista Cel João Brígido dos Santos que entregou no ocaso do século XIX o original deste manuscrito ao mais prestigiado e acreditado historiador brasileiro, o próprio Capistrano de Abreu que o levou pessoalmente à Biblioteca Nacional/Arquivos do Instituto Histórico Brasileiro.

          Tentaremos escoimar amiúde, o relato constante do manuscrito do Cel Tomás Catunda, sob o título, <A Vida de Vicente Lopes Vidal de Negreiros> publicado na Revista do Instituto do Ceará em 1918 pelo percuciente Eusébio de Sousa.  

           Retificaremos, tal-qualmente, diversos trechos contidos na obra do grande cronista Nertan Macedo, que deixou largo relato com inexatidões sobre o Caminhadeira no seu mais conhecido trabalho, <O Bacamarte do Mourões>, Ed. Instituto do Ceará, (1966), pelo que assim atingiremos, comumente, dezenas de publicações sobre o tema.   

            Daremos também o paradeiro do Vicente da Caminhadeira, o qual muito bem poderia ter sido crismado como Vicente da Caiçara, verdadeiro nome da sua fazenda, distante meia légua da sede da Fazenda Caminhadeira

                 Elidiremos as pendências da pertença toponímica do Vicente Lopes Vidal de Negreiros, colocando um divisor de águas entre a Fazenda Caminhadeira que demora cortada pelo Rio Aracatiaçu e o seu verdadeiro imóvel, a Fazenda Caiçara entrecortada pelo Riacho do Agreste, distante 3 Km da sede fazenda Caminhadeira. Tudo isso circunscrito ao perímetro do atual Município de Irauçuba no Ceará. 

            Outrossim, demonstraremos utilizando em parte seu inventário concluso em 1872 que o Caminhadeira estava muy lejos de ser pobre, como tanto insistiu o Cel Tomás Catunda na sua obra algures mencionada.  

             Fato é que o Vicente da Caminhadeira sempre gozou de homizio diante das múltiplas perseguições e embocadas promovidas pelos Mourões nas casas fortes do Ten Cel José Felipe Ribeiro Campos, tanto no termo do Tamboril como em Quixeramobim/Boa Viagem. 

               O Ten Cel José Felipe Ribeiro Campos, é o quarto avô do nosso estimadíssimo  primo e amigo, o brilhante historiador, Fernando Araújo Farias que partindo dessa para melhor, imerecidamente nos dedicou sua última obra <A História de Boa Viagem>     

          Enfim, transportaremos o leitor das fábulas à realidade. Postaremos em capítulos-publicações sucessivas a partir de hoje, 21 de março de 2023, a verdade nua e crua sobre o Vicente Lopes Vidal de Negreiros, seu modus vivendi et operandi.


                                        O Canário



                                      A Nêga véia


          Saberemos da sua ascendência que passa pelos notáveis Bandeira de Melo, comumente sua descendência, seus seis filhos, quatro homens e duas mulheres.  

              Entrementes, o highlight desta nossa postagem não se prende tão somente a discorrer sobre a existência do Caminhadeira, em absoluto! O mais surreal e mais pungente é a revelação de quem finalmente encontrou o paradeiro do Vicente Lopes Vidal de Negreiros! 

          Quis caprichosamente o sopro do destino com a mais supina e inaudita ironia que nosso erudito colega pesquisador e grande amigo, o Dr Antonio Melo Mourão Neto, lídimo representante e descendente pelo costado paterno em 7ª geração daqueles que perseguiram implacavelmente o nosso Caminhadeira plotar e ler, em primeira mão, o inventário deste protegido dos Ribeiro Campos, que faleceu sem testamento aos 28 de setembro de 1871, pelo que aqui daremos também publicidade a este inventário (cópia da íntegra deste documento já em nosso poder).

        Maior honra e prestígio não poderíamos desfrutar, pois obtivemos permissão do Dr. Mourão em dar publicidade à sua belíssima missiva prenhe de satisfação e grande emoção quando tomou ciência pela primeira vez, passados mais de um século e meio, do real destino do Vicente da Caminhadeira. 


                      Ad perpetuam rei memoriam


                        “Antônio Melo Mourão Neto, um legítimo Mourão, finalmente encontrou o Caminhadeira e pôs termo final em uma saga centenária. Foi procurado até debaixo de pedras por nós, os Mourões. Foi se esconder nos escaninhos de uma prateleira empoeirada. Corre para lá e corre para cá. Até sangue inocente foi derramado na busca. Tudo na tentativa de aplacar os ânimos de vingança de gente com forte temperamento que constitui a nossa cepa. De tanto andar, Vicente foi buscar esconderijo no Sopé da Serra da Caminhadeira. Quanta ironia! Ali o Lopes Vidal de Negreiros cede ao nome do lugar que o abrigou, a Caminhadeira. Nada mais apropriado a quem tanto caminhava. Pois bem, nada de mais homicídios. Os tempos são outros. Os sentimentos também. O que marca o fim dessa odisseia é a escrita de mais uma página na história. Afinal, a alguém com tão pouca expressão como eu coube concretizar tal feito. Honro, assim, meu passado. Honro meus antepassados. Página virada. Cessadas estão as perseguições. Os Mourões podem descansar em paz.  O Caminhadeira não precisará mais se esconder e assim também descansar. Cessam agora os tempos de beligerância. Caminhadeira, encontrei a ti para te dizer que ninguém foge dos Melos e Mourões para sempre. Ninguém! Para te dizer também que agora você pode seguir em paz. Para te dizer que os tempos de paz nesse caso chegaram. Sigamos todos nesse sentimento de orgulho e de paz. Não sou estaca. Sou Mourão! Sebastião Ribeiro Mello, Alexandre da Silva Mourão e muitos outros da minha parentela, missão cumprida! Já podem baixar as armas”  

 

Finis primum caput!


210243ZMAR23TUE  


Águas de Lindóia-SP  


Clovis Ferreira da Cruz Ribeiro de Campos LoboPVT (E-1)