Non scholæ sed vitæ discimus

domingo, 21 de agosto de 2022

O Povoamento do Maciço do Baturité

Sítio Coité, Aratuba-CE.

Logo a sudoeste da Fortaleza capital do Ceará não mais do que 60 Km em linha reta até sua parte norte demora uma vastíssima região serrana contando atualmente 05 (cinco) municípios em suas paragens mais elevadas.

- Palmácia, a antiga Palmeira, a caçula das urbes, cujo patrimônio ao seu orago São Francisco de Assis for doado por Idelfonso Ribeiro Campos, trineto do casal Antonio Domingues Alves e Agostinha da Silva Carvalho, fundadores da atual Boa Viagem e imortalizados nas memórias do Profº Ximenes de Aragão, dentre outros mais insignes cronistas cearenses.

- Pacoti, antiga Pendencia, bem mais recente;

- Guaramiranga, outrora Conceição;

- Mulungú, Sítio Mulungú 

- Aratuba, anteriormente Coité e Santos Dumont.

Serra imensa com clima salubérrimo de pouca amplitude térmica com temperaturas médias atuais nos meses de estiagem de 25ºC e no período chuvoso e imediatamente após nos meses julho-agosto de 18ºC, sendo registrada a mínima absoluta de 11,7ºC em monitor de alta precisão em estação meteorológica automática alemã marca R. Fuess localizada no sítio Flexeiras no município de Aratuba, sendo considerada nesta medição a sensação térmica obtida eletronicamente, pois, compensadas a velocidade do vento que lá dardeja por todo ano, comumente a umidade relativa do ar.

Terra de nascentes de riachos e rios, corredeiras, cachoeiras com abundantes pastos nos sopés. Desde o século XVII tem sido a serra do Baturité verdadeira taboa de salvação para as mais distintas gerações de sertanejos do nosso sertão central e setentrião, oásis salvador nas repetidas secas que constantemente dizimaram os planteis de gado vacuum e cavalar. Costumamos dizer que quase todos nossos ascendentes já se encontraram alguma vez no Baturité. 

Desde priscas datas têm sido recorrentes as discussões sobre qual a primeira urbe na cumeeira da Serra do Baturité.

Historiadores e genealogistas como os eminentíssimos e percucientes Pedro Catão e Vinícius Barros Leal dentre outros historiógrafos e cronistas de escol muito se debruçaram sobre o tema, sem embargo, não conseguiram estadiar este enigma.

Entrementes foi Guaramiranga, a antiga vila da Conceição, por sua proximidade com o Baturité, cidade polo, comumente por ser sede do veraneio das famílias mais proeminentes do Ceará ao longo de décadas foi a que despontou economicamente no ínterim do séc. XIX e, desde então, a mídia com toda justiça divulga à saciedade seus encantos, sua exuberância paisagística, quase idílica e a excelência do seu clima. Respeitável infraestrutura turística foi criada para atender seus visitantes. Não sem razão Guaramiranga reclama sua primogenitura.

Aconteceu que nas proximidades da atual cidade do Baturité pé da serra a 140 metros acima do nível do mar, aos 07/10/1735 o Ten Cel Manuel Duarte da Cruz, o Sgt-Mor Lopo Barbosa Maciel e Pedro da Rocha Maciel receberam uma carta de sesmaria nestes termos:

Três Léguas de terra no Riacho chamado Candeia que nasce na Serra Baturité e desaguando no Rio Aracoiba e que eles suplicantes descobrira, terras lavradias”.

A descrição é clara de área plana de vazantes, não faz nenhuma menção ao cimo da Serra.

Até aqueles que pouco conhecem a região pueril constatar a inexequibilidade de antingir pelo menos a cota de 400 metros (asl) via o vale do Candeia ou ainda pelo riacho Sinimbú! O que dizer então naqueles idos de 1735 tendo em vista a densidade da mata que de ordinário se formava muito mais espessa à barlavento!?


                  Conceição - Guaramiranga


<<Quando se estabeleceu na região, em fins de 1853, João Batista encontrou um “deserto, havendo apenas ruínas e taperas de sítios antigos.” No ano seguinte, construiu a primeira residência. Menos de dez anos depois, onde havia somente abandono, encontrava-se um povoado de trinta casas, sendo a maior parte coberta por telhas, ao contrário das palhas utilizadas em habitações mais pobres. Se havia um arremedo de civilização naqueles confins do império de dom Pedro II, era graças ao esforço de João Batista. Nascido em Quixadá, em 28 de setembro 1824, pertencia pelo lado materno a antiga família Queirós, que se estabelecera no Brasil ainda no século 17. Numa viagem ao sítio Macapá, no alto da serra, pertencente ao tio tenente-coronel Antônio Francisco de Queirós “Jucá”, João Batista descobriu a riqueza da plantação de café, que havia poucos se tornado o principal produto de exportação do país. Sabendo da existência do sítio Guaramiranga, vizinho ao Macapá, e abandonado por seus tios Bento Joaquim de Andrade e Francisca Teresa de Lima, decidiu comprá-lo, em 26 de julho de 1853. A escolha fora motivada por razões além de econômicas. Em 22 de julho de 1847, havia casado com sua prima Joana Antônia de Jesus (Joana Batista de Queirós Lima, após o matrimônio), filha de Jucá.

Apesar de fundador da cidade de Guaramiranga, povoando permanentemente a região, João Batista não foi o primeiro a se estabelecer no alto de Baturité. Em 1809, seu tio, Miguel José de Queirós adquiriu um pedaço de terra, desmembrado do sítio Macapá. Chamou-o de Conceição. Assim como todos os demais que viriam mais tarde, Miguel fora impelido a emigrar pelas secas devastadoras do sertão cearense. Ao contrário de outras propriedades agrícolas no Ceará, as terras na serra do Baturité não eram provenientes de sesmarias concedidas pelos reis portugueses, em tempos coloniais, mas através de posses, separadas por riachos. Apesar de inúmeras tentativas, nenhuma das propriedades vingaram, sendo deixadas ao esquecimento. Até mesmo o pioneiro Miguel José, graças a invernos mais ricos, retornou as suas terras de criação de gado. Vendeu o Conceição para Francisco Félix, que, endividado, revendeu-o para Vitoriano Correia Vieira, que posteriormente o passou a Francisco Pinto Brandão. É deste sítio que proveio o nome do vilarejo fundado por João Batista, e que mais tarde se tornaria conhecido como Guaramiranga>>. (Nosso grifo).

- Resumèe histórico acima é de autoria do eminente pesquisador, o Dr. Licínio Nunes Miranda. 


Sobre o povoamento do Baturité equivoca-se flagorosamente o sempre abalizado Dr Vinícius Barros Leal na sua mais importante obra: A História do Baturité (Época Colonial), ao caucionar,  i.v.:   

“(...) Lá em cima, na parte mais elevada, correspondendo às localizações das atuais cidades de Mulungú, Guaramiranga e Pacoti, muito tardou a visita ou a instalação do colono branco. Na Conceição, (Guaramiranga), deu-se a ocupação mais precoce, com a instalação do sítio Macapá pelo Capitão João Rodrigues de Freitas, ainda no século XVIII, nos anos finais dos setecentos[1](...)” (Grifos nossos).

[1] Já em 1747, isso mesmo, 1747, portanto mais de meio século antes, o lugar  Pindoba, cota superior a 670 metros (asl) o qual demora circunscrito ao perímetro do município de Aratuba já era razoavelmente povoado, posto que residência do Capitão Pedro da Rocha Maciel e esposa,  D. Maria da Rocha e filhas do casal! Lá residiam também Tomás da Costa Pereira e sua mulher, D. Maria Pereira da Silva, ambos com numerosa família. Todos brancos! – Possuímos documentação probatória coeva e blindada à prova dos acadêmicos paulofreirianos.

“(...) Há indicio apenas de ter sido habitada essa zona por uma ou duas famílias de índios. Outro sítio na mesma zona, ocupado por Manuel Coelho Fraga foi avaliado, em 1773, por doze mil e seiscentos réis. Às margens do riacho do Cedro[2] instalou-se um colono em suas <terras brutas> e outros mais, especialmente os da família Pimentel, potiguares que ficaram nas quebradas, mais ou menos na altura do atual Olho d'água dos jesuítas e do São Miguel, da família Arruda. Nas Bananeiras e Pindoba e, mais distante, na serra dos Cajuais logo mais floresceram núcleos populacionais de relativa importância.(...)” (Nosso destaque).

[2] Certamente o autor não sabia a localização do riacho do Cedro, vez que muito longe das “quebradas”, pois corria nas cumeeiras da serra do Baturité, nascendo na altura do perímetro urbano da Aratuba 950 metros (asl), a oeste do sítio Coité, dali tomando rumo nordeste atravessando quase toda extensão do antiquíssimo sítio Flexeiras do Cap Antonio Ferreira da Cruz 850 metros (asl), indo fazer barra no riacho Canabrava na altura do sítio Araticum já no município do Mulungú, dai formando o riacho Nilo que junto ao riacho do Meio se constituem nos principais tributários do Putiú. 

Inexequível estadiar aquilo que nos quer ensinar o autor, posto que...

“(...) No século seguinte, até 1820, pouco progresso houve no avanço serra acima. Depois desta data, no entanto, aconteceu uma verdadeira corrida, especialmente após a introdução do café, em 1824, coincidindo com a chegada de algumas famílias transplantadas de Quixadá, para o coração da serra. Queroses e Holandas foram estes desbravadores destemidos, homens fortes e saudaveis. A tradição popular, até o começo do presente século guardava a lembrança da tenacidade e energia desses homens corajosos e, sobretudo, portadores de um verdadeiro espirito de pioneirismo(...)” (Grifos e destaques nossos)

- Mas como assim desbravadores (pioneiros)!? Se o Cap Antonio Ferreira da Cruz em seu sítio Flexeiras ue havia por descoberto no cimo da serra do Baturité 867 metros (asl), além de Pedro da Rocha Maciel, Tomás da Costa Pereira, Francisco do Rego Barros, Agostinho Leitão, José Leitão, Leão Amorim de Sá, Inácio José Teixeira, Antonio José Moreira Gomes, Brás Ferreira, Vicente Rodrigues Chaves...Todos retro mencionados acompanhados de suas profusas famílias já habitantes desde meados do séc. XVIII nas cotas superiores a 850 metros (asl) na serra da Pindoba onde hoje os sítios e localidades da Aratuba das Flexeiras, Canoés, Segredo, São João, Aningas, Mundo Novo, Barreiros, Cantinho, Gameleira, Matas, Cubículo (Cuvico), Calembé (Calembre), Caipora, Tamanduá...


                            O Coité - Aratuba 


                          Engenho e aviamento do Sítio Flexeiras. Aratuba-CE.
                          Uma das mais antigas edificações rurais em Aratuba


Diametralmente oposta as características orográficas da carta sesmeira de 1735 do Ten Cel Manuel Duarte da Cruz é a data de sesmaria concedida a Teodósio de Pina e Silva em 1736, a qual, corresponde ao exato landscape da Aratuba, senão vejamos:

"Diz Teodósio de Pina e Silva(b) morador nesta capitania que ele descobriu um Brejo que nasce da Serra do Baturité da parte do poente onde tem a dita serra uma abertura que mostra a pedra de cor amarela cujo brejo se chama pela língua do gentio Coité e tem o dito brejo um pé grande de coité que corre para a parte do Rio Choró".

A pedra de “cor amarela” indubitavelmente é a um dos muitos rochedos do cinturão granítico localizado no contraforte oeste da Aratuba, praticamente dentro da sua zona urbana, pois, ao divisar-se a serra desde o poente para o nascente considerando o horário vespertino, a refração da luz solar no óxido de ferro daquelas rochas nos dá a nítida impressão de amarelo vivaz.

Mais...

As encostas do poente da serra são sobremaneira menos íngremes em relação ao da sua encosta nascente via o Baturité, pois, possuem o componente -mata densa- posto que a vegetação ali principalmente no verão é rala e escassa. De ordinário, aqui, acolá, veem-se pés de barrigudas, mulungus, juazeiros, caroás, aroeiras, umbuzeiros.

Ainda...

O Coité (Crescentia cujete) cujo fruto muito usado para cuias, panelas improvisadas e cantis é árvore por demais exigente, frutificando em terras vermelhas, úmidas e ricas em matéria orgânica, não suportando estiagens prolongadas, enfim, tutti-quanti lhe é negada pela fornalha sertaneja à sotavento da Serra do Baturité. Ipso-facto somente nos cumes da serra, nas imediações da atual sede do município da Aratuba este “pé grande de coité” que se refere o sesmeiro Teodósio Pina e Silva poderia ser encontrado.

De mais, mais, o topônimo Coité gênese da Aratuba segue pari-passu à criação do imóvel rural do mesmo nome, que nos ocuparemos adiante no decorrer desta postagem.

Assim é a Aratuba de modo soberano e irrefragável a filha primogênita dos altiplanos do Maciço do Baturité!

As culminâncias da Serra do Baturité em suas mais expressivas partes foram ocupadas pelos sertanejos que vieram desde o sotavento, exatamente dos sertões das ribeiras ressequidas do Cangati, Canindé, Batoque, Caxitoré e Curú, ato contínuo, ádvenas dos mais recônditos sertões do Quixeramobim.

É que aquela vista clorofilada das cumeeiras desde o mormaço infernal daqueles sertões sobremaneira fascinaram o sertanejo. Abaixo, a guiza de ilustração, trazemos transcrição de procuração retirada de incontáveis documentos públicos da época de moradores no Canindé escriturados no Baturité.

“Procuração bastante que faz Ana de Freitas da Costa as pessoas declaradas = Saibam quantos este público instrumento de poder de procuração para sua validade e melhor nome haja dizer e chamar e possa virem que sendo o ano de nascimento de Nosso Senhor Jesus Cristo de mil oitocento e quatro, aos vinte e seis dias do mes de julho do dito ano nesta Real Vila de Monte Mor o Novo da América Capitania do Ceará Grande em meu escritório apareceu presente Ana de Freitas da Costa moradora no Sítio da Conceição ribeira do Canindé(a)(...)”

(a) Não sem razão os registros de terra realizados a partir da Lei Imperial numero 601 de 18/07/1850 consigna inúmeras propriedades na Serra do Baturité realizadas no Canindé.

Tendo nós contabilizados muito mais passado do que futuro neste vale de lágrimas, lembramos que ainda no final da década de 60 e início de 70 transacto trazíamos um copo de ágata para tomarmos água nos 06 (seis) distintos olhos d’água que demoravam na subida da ladeira neste segmento da rodagem que ligava o Canindé à Aratuba subindo pela rampa da fazenda Marés.

Ascendíamos a serra desde aqueles sertões vindos da Fazenda Santa Cruz(b), igualmente via a ladeira “Pedestres”, assim crismada, pois, servia aqueles que iam a pé ou nos lombos da animália. Tracejando o mesmo retrocitado caminho no lugar agonia, onde as composições de rochas fechavam a estreitíssima vereda havia uma fonte de d’água com exuberante fluxo.

Malgrado de todos nós, nenhuma, sequer uma única fonte restou.

b) A fazenda Santa Cruz propriedade do Capitão Antonio Ferreira da Cruz adrede comentado. Importante, pois local do 1º casamento civil da Aratuba. Casamento 01 do livro de casamentos 01.   

Este caminho, de ordinário, era parte do percurso, o mais antigo, que ligava a então fulgurante Vila do Baturité ao povoado do Canindé já em meados do séc. XVIII.

Outro acesso para subir-descer a serra para aqueles sertões era feito através da ladeira do sítio Fernandes, sem embargo muito alcantilado, todavia o mais curto e onde foi implantada a atual rodovia CE-257 ligando a Aratuba ao Canindé.

Opção distinta era o sendeiro palmilhado a pé ou por animal que ia desde o sítio Tope, atual distrito da Aratuba até uma enorme reta que cortava a fazenda Longá que nos conduzia até a altura da fazenda Transvaal ao largo da serra do Pindá já nos outskirts do Canindé. O mormaço deste caminho dos mais infernais. A desidratação é certeira. 

Praticamente incogitável o trajeto Canindé a Baturité via o Mulungú através da quase vertical estrada do Camará. Do Canindé rumava-se à nordeste em procura da Ipueira dos Gomes, e no mesmo rumo a fazenda Serrote, e dali ao Mulungú via a escarpadíssima estrada do Camará  retromencionada.

Aqui o esboço em rápido bosquejo dos caminhos que legam sertões aos píncaros da serra.


           O Capitão Antonio Ferreira da Cruz


- E o caminho desde o Coité nas cumeeiras daquela serra até o Baturité?

- E para que se prestava o Coité neste percurso?

Ora, não havia percurso mais natural, mais curto, mais rápido e mais lógico para unir as duas maiores e mais importantes vilas daquela mesorregião, Baturité e Canindé, senão pelo roteiro que fazemos seguir.

Desde a Aratuba rumava-se em rota N-NE até o sítio Coquinho entrando pela antiga rodagem que ligava Aratuba ao Mulungú até o sítio Aningas. Das Aningas rumava-se NW até topar na atual rodovia CE-065 quase na entrada da estrada vicinal para o Sítio Segredo. Deste ponto seguindo rumo NE atravessando quase todo o miolo do sítio Flexeiras do Capitão Antonio Ferreira da Cruz(1) prosseguindo em caminho de -passa dois- até a extrema dos sítios Flexeiras e Cantinho que se formou por desmembramento do sítio Araticum, propriedade antiquíssima de Francisco do Rego Barros já habitada bem antes de 1804(2)(3), rumava-se dali via os sítios Gameleira e Matas até o Sítio Pindoba(4), o qual jaz circunscrito ao perímetro do município da Aratuba.

Da sede da Aratuba até a Pindoba neste trajeto apenas 6,4 Km.

Desde a Pindoba vadeava-se o rio Putiú passando pelo lugar Bananeiras e, logo em seguida o Sítio Jordão. Deste último alcançava-se o centro da então Vila de Monte-Mor o Novo da América, Baturité num percurso de apenas 5,5 km. Este caminho é indiscutivelmente o de menor inclinação, o mais curto, comumente o mais rápido.


Cap João Ferreira da Cruz

Bisneto do pioneiro Cap Antonio Ferreira da Cruz

(*05/03/1856, Flexeiras e  +29/09/1919, Flexeiras)



[1] O Cap Antonio Ferreira da Cruz, nosso quinto avô materno, (*c.1740) natural das várzeas do rio Capibaribe, atual bairro da Várzea no Recife-PE., filho do raiano de Verin, Manoel Ferreira da Cruz e Teresa Maria de Jesus. O Cap Antonio Ferreira da Cruz casou-se com Caetana Maria dos Reis, potiguar, filha legítima de Caetano de Oliveira e Rufina Antunes de Abreu, ambos da cidade do Natal-RN.

Do Cap Antonio Ferreira da Cruz e Caetana Maria dos Reis, o Cap Antonio Ferreira da Cruz, Jr. nascido no Baturité aos 10/12/1777 e falecido em seu sítio Flexeiras na Aratuba aos 08/12/1853.  

Experimentamos aqui enorme gáudio pelo privilégio em transcrever, verbo ad verbum, o registro de uma das mais antigas propriedades e possivelmente o documento de primogenitura quiçá do mais antigo habitante dos pináculos do Maciço do Baturité. 

“Escriptura de venda de parte de hu sítio de terras de plantar que faz o Alferes Antonio Ferreira da Cruz morador nas Flexeiras a Francisco do Rego Barros morador no Ariticú como abaixo declarão = Saibão quantos este publico instrumento de escriptura de venda virem e para sua validade e melhor nome haja dizer e chamar e possa virem, que sendo o anno de Nascimento de Nosso Senhor Jesus Christo de mil oitocentos e quatro, aos sete dias do mes de julho do dito anno nesta Real Villa de Monte Mor o Novo da América Capitania do Ceará Grande, em meu escriptório, aparecerão presentes as partes contrahentes, outorgantes e bastantes, a saber, o Alferes Antonio Ferreira da Cruz morador no sítio Flexeiras Serra da Pindoba como vendedor, e como comprador, Francisco do Rego Barros morador no Ariticú termo desta Real Villa, próprios de que faço menção, pessoas que as reconheço maiores de vinte e cinco annos que dou minha fé por eles e me foi dito diante da presença das testemunhas adiante no fim deste nomeadas e assignadas que entre os mais bens que possuia de mança e pacifica posse e bens de rais sem contradição de pessoa alguma que ele é senhor e possuidor de hua sorte de terras de plantar no lugar Flexeiras termo desta Villa o qual sitio extrema na parte de cima com hua lagoa alcançando três pés de limoeiro indo extremar no riacho que lhe atravessa vindo do sul até hu pé de jatobá que fica adiante com todas suas matas, fruteiras, olhos d’ágoa, riacho que se achão no dito sítio e casa de vivenda entre as demais casas com todos seus pertences por hua outra parte do rio o qual o dito vendedor havia por descobrimento e que ele vendedor vendia como de fato vendido tinha de hoje e para sempre a Francisco do Rego Barros pela quantia de quinze mil reis em dinheiro decontado em moeda corrente deste Reino de Portugal o qual já havia recibido da mão do dito comprador de que eu tabelião dou fé por ter ouvido e declararem os ditos vendedor e comprador e que lhe dava plena e legal quitação de paga e para em tempo algum lhe ser mais pedida para si e outros herdeiros ascendentes e descendentes e que apos deles vierem e que dado sitio pode o dito comprador tomar posse por si ou por autoridade de justiça, quer a tome quer não o havia desde agora a posse natural, corporal, cível e real, pela cláusula constante omittia de si toda a posse, domínio e (ilegível por tinta permeada) útil e usofruto que no dito sítio tinha e podia ter de si apartava e transferia e ratificava da pessoa dele comprador para que goze e possua como dele ficava sendo de hoje e para sempre pela dita venda e compra que era feita sem constragimentos de pessoa alguma, mais foi dito pelo dito vendedor que se obrigava por sua pessoa e bens havidos a tirar ele comprador após a salvo toda e qualquer dúvida  contra a validade desta escriptura se faltava alguma cláusula ou cláusulas (ilegível) havia por (ilegível por furo na página) e declaradas como decididas e que fica menção e, declarada menção e pelo dito comprador foi dito que aceitava esta escriptura de venda com todas as clausulas e condições declaradas e em testemunho de verdade assim outorgavão, pedirão, aceitavão e mandarão fosse feito o presente instrumento nesta nota a qual fis por me ser distribuido pelo juiz ordinário Carlos José de Oliveira e que todos assignavão depois de lida acharão conforme ao que tinham dito e ditado sendo presentes por testemunhas o Capitão Mor Antonio Pinto Borges, Inácio Joaquim da Silva Braga, todos moradores nesta Real Villa, pessoas todas de mim reconhecidas maiores de vinte e cinco annos, de que dou minha fé e que tão bem afirmarão depois de lida e declarada. Eu Antonio José de Vasconcellos tabelião do público e notas nesta dita Villa me assigno” (destaques e grifos nossos)

Mais tarde, o registro do mesmo sítio Flexeiras por força da Lei Imperial nº: 601, de 18/07/1850 dispondo sobre as terras devolutas do Império.

Lei que teve sua formulação com o desiderato de sanear os imóveis possuídos por titulo de sesmaria sem o devido preenchimento das condições legais, como é o caso da quase totalidade das terras que se encontram circunscritas aos perímetros dos municípios do cume da Serra do Baturite, vide a sesmaria nº: 57 de 17/11/1736 de Teodósio de Pina e Silva.  

"No. 58:  Manoel Ferreira da Cruz possue na serra d'esta Freguesia do Baturité um sítio denominado Flexeiras* no sentido do dorso, que houve por herança do seu finado pai Antonio Ferreira da Cruz extremando da parte do Norte com terras dos herdeiros de Manoel José Martins, e da parte do Sul com Antonio Alves de Barros, da parte do Poente com Manoel Saraiva Leão e da parte do Nascente com João José D'Almeida. Baturité 25 de fevereiro de 1856. Manoel Ferreira da Cruz. Vigário Raimundo Fernandes Ribeiro".



             Casa grande do sítio Flexeiras após incontáveis reformas sécs XIX e XX

 

(*) O sítio Flexeiras possui larga tradição na produção do Coffea arabica de alta pureza.   

(2)  “Declaração de uma doação a Inácio Teixeira por seu sogro Francisco do Rego Barros = Saibam quantos este público instrumento de papel de doação virem ou para sua validade e melhor nome haja dizer e chamar e possa virem que sendo o ano de nascimento de Nosso Senhor Jesus Cristo de mil oitocentos e quatro, aos sete dias do mes de julho do dito ano nesta Real Vila de Monte Mor o Novo da América Capitania do Ceará Grande em meu escritório apareceu presente Inácio José Teixeira, próprio de que faço menção e dou minha fé por ele me foi apresentada uma petição com um papel de doação cuja petição de verbum ad verbum é o seguinte: Senhor juiz ordinário, diz Inácio José Teixeira morador no sítio Araticum(a) serra da Pindoba deste termo que para efeito do suplicante casar com Inocência Maria filha de Francisco do Rego Barros morador do mesmo lugar fizera-se doação a mulher do suplicante” (nosso destaque). 


a) Ariticú. O Araticum da Mata Atlântica (Annona sylvatica), i.e.: Ata, Pinha, Fruta do Conde. O Sitio Araticum era imenso, circunscrevendo os atuais sítios-lugares aratubenses do Cantinho, Lagoa, Japão, Souza, Silva, Matas... No Mulungú, o distrito do  Catolé e o sítio do mesmo nome, Araticum.

(3)  “Escritura de venda de um sítio de terras no Araticum que faz Francisco do Rego Barros a Agostinho Leitão(b) = “Saibam quantos este público instrumento de escritura de venda virem ou para sua validade e melhor nome haja dizer e chamar e possa virem que sendo o ano de nascimento de Nosso Senhor Jesus Cristo de mil oitocentos e quatro, aos dezesseis dias de julho do mesmo ano nesta Real Vila de Monte Mor o Novo da América Capitania do Ceará Grande em meu escritório apareceram presentes as partes contraentes, outorgantes e solicitantes a saber vendedor Francisco do Rego Barros morador no Araticum deste mesmo termo e da outra como comprador Agostinho Leitão morador no Araticum deste mesmo termo próprios de que faço menção e dou minha fé”

(b) Agostinho Leitão ascendente dos atuais proprietários do Sítio Cantinho, o Sr. Aluísio Leitão e família.

- Importantíssimo documento retro que demonstra a posse desta propriedade na mesma família por mais de 200 anos! Raríssimo no Brasil, máxime no Baturité onde os imóveis eram dados em hipoteca para financiar a agricultura sendo quase sempre liquidados pelos credores, quer pela hipossuficiência financeira dos agricultores ou pelos juros extravagantes praticados. O factório dos judeus franceses irmãos Fréres -Boris Fréres- nada perdoava;

(4)  “Escritura de um sítio de terras de plantar que faz Antonio da Costa Vieira morador na Serra da Uruburetama a João Teixeira da Silva como abaixo declara = Saibam quantos este público instrumento de escritura de venda virem ou para sua validade e melhor nome haja dizer e chamar e possa virem que sendo o ano de nascimento de Nosso Senhor Jesus Cristo de mil oitocentos e quatro, aos vinte e quatro dias do mês de maio do dito ano nesta Real Vila de Monte Mor o Novo da América Capitania do Ceará Grande no cartório deste tabelião apareceram as partes presentes, contraentes, outorgantes e bastantes a saber de um lado como vendedor Antonio da Costa Vieira morador na serra da Uruburetama termo da vila a Fortaleza e da outra como comprador João Ferreira da Silva morador na ribeira do Canindé termo desta vila pessoas por mim conhecidas pelas própria de que faço menção e de que dou fé e maiores de vinte e cinco anos(c). E logo pelo vendedor  Antonio da Costa Vieira me foi dito em presença das testemunhas assinadas no fim e nomeadas que entre os demais bens que possuia de mansa e pacífica posse e bens de raiz sem contradição de pessoa alguma um sítio de plantar na serra da Pindoba no rio do meio ou riacho da Pindoba termo desta Real Vila cujo sitio houve por compra a Simão Rodrigues(d)  

(c) Frisa-se aqui idade mínima de 25 anos para se comprar-vender imóvel no Brasil colônia, outrossim, as naturalidades do vendedor e comprador, Uruburetama e Canindé. 

- A estrada que antigamente demandava à Fortaleza desde o Canindé seguia pelas ribeiras dos rios Canindé até o rio Curú indo à jusante até a atual cidade de São Luís do Curú. Dali à esquerda (oeste) tomava-se a estrada para a Uruburetama e São Francisco, atual Itapagé. (Não sem razão ser o Sargento-mor Francisco Xavier de Medeiros doador do patrimônio e principal criador da devoção à São Francisco do Canindé originário da Uruburetama). Para a Fortaleza rumava-se leste via os municípios de Croatá e São Gonçalo do Amarante;

(d) Já em 1804 o sítio Pindoba na Aratuba passara por no mínimo 03 (três) proprietários. Para se ter ainda uma vaga ideia de quão antiga é a Pindoba bastante será verificar as inúmeras desobrigas lá realizadas e constantes do livro de Capelania de São José de Ribamar do Aquiraz iniciando na sétima decúria do século XVIII.

- Para Guaramiranga a antiga Vila de Nossa Senhora da Conceição nada se buscava, o trajeto era um blind-alley. Até o penúltimo lustro do século XVIII não existia sequer uma mísera conexão viária até a atual zona urbana de Guaramiranga e destas aos sertões. Nenhuma importância estratégica, além de penoso e íngreme acesso.

De mais, a mais, não havia qualquer premência para o sertanejo que ia “salvar o gado” em subir a serra pelo barlavento, i.e.: Pela face da Vila do Baturité. O pasto no pé da serra era deveras formidável, além de amplo, anchíssimo! Lá os rios-riachos Castro, Curimatã, Boa Vista, Do Padre, Lagoa Nova, Putiú, Jordão, Nilo, Aracauba (sic), Candeia dentre outros regatos saciavam o gado. Multiplicavam-se as plantações de cana-de-açúcar para alimentar as fornalhas dos numerosos engenhos que fervilhavam na serra produzindo açúcar, rapadura, alfenim e mel enquanto os aviamentos laboravam para que a farinha do Baturité fosse uma das mais disputadas por todos os os sertões central e norte cearense. Couro, Leite, Queijo, Carnes secas e Algodão eram trazidos dos sertões. Todavia a sotavento, na face oeste da serra faceando, os sertões o Maciço do Baturité caprichosamente como crudelíssimo padrasto dava as espaduas. Mirravam-se os sertanejos ao talante de uma madrasta canícula.

Prestou-se o exato local da zona urbana da Aratuba como pouso e preparativo para os tropeiros vindos da região da então Vila do Baturité para a travessia daqueles ínvios sertões até a povoação mais próxima, a Vila de São Francisco das Chagas do Canindé.


                              A cognitio summarium


Quadro de distâncias:

01) Baturité para Canindé (via Mulungú) = 78 Km;

02) Baturité para Pindoba (via Putiú) = 5,0 Km;

03) Pindoba para o centro urbano da Aratuba =  6,0 Km;

04) Baturité para Canindé (via Aratuba) = 46 Km; 

05)  Sitio Flexeiras para o centro urbano da Aratuba (via Aningas) = 3,5 Km


Alia controversia


Percebemos que até o presente instante a história da fundação da sede municipal da Aratuba não foi estadiada. Pesquisadores que tem se esforçado de forma séria e compromissada para resolver esta pendência tem sido os eminentes Srs. Henrique Germano e Gildo Gomes, destacados intelectuais daquele município que nos instaram e desafiaram a destrincar este aranzel.

Repete-se na Aratuba por décadas a fio uma estória que se tem tornado fato consumado de que o sítio Coité, berço e epicentro da sede daquele município fora assentado pelo “Cap João José Pereira(*) com 10 escravos que lá chegaram a 1829”(sic)

(*) João José Pereira, (não sabemos sobre a patente de Capitão como quer a TO aratubense). Ele nascido em 1795, quinto filho do casal José Antonio Pereira e Antonia Maria do Carmo Ferreira. Em primeiras núpcias João José Pereira casou-se com Felicidade Maria da Purificação,  e depois com Francisca do Carmo Pereira, filha de José Joaquim Pereira Leite e Josefa Maria do Carmo (apud Raimundo Torcápio).

Quanto a irresolução do fundador daquela nucleação urbana nunca faltou aventureiros na ciência de Heródoto querendo impor a fábula de que a mui egrégia família Pereira proveniente do Cascavel estabelecida nas ribeiras do Cangati foi a pioneira a habitar a Aratuba.

Dessarte, é que devidamente albergados por documentação bastante, outrossim, pelas evidências históricas é que passamos expomos as seguintes considerações:

- Considerando que em 1804 o então Alferes Antonio Ferreira da Cruz tinha descoberto e morava no seu sítio Flexeiras distante, míseros 3,7 km da atual sede municipal;

- Considerando que os atuais locais do Cantinho, Canoéis, Japão, Sousa, Silva, Gameleira, Matas, Lagoa, São João e Flexeiras na Aratuba, comumente o Catolé, Araticum e Coió no Mulungú no final do Séc XVIII já eram bem povoados e distantes em média 7,5 Km da sede municipal da Aratuba;

- Considerando que logo no primeiro lustro do séc. XIX os retrocitados locais estavam povoados por diversos páter-famílias, além do Capitão Antonio Ferreira da Cruz (descobridor), e.g.: Francisco do Rego Barros; Agostinho e José Leitão, Leão Amorim de Sá, Inácio José Teixeira, Antonio José Moreira Gomes, Brás Ferreira e mais diversos;

- Considerando as inúmeras escrituras de doações, vendas e compras dos sobreditos locais insculpidas nos livros cartoriais do Baturité em 1803/1804 elencando os sobreditos vendedores e compradores;

E pelos considerandos acima resta pueril deduzir que todos os retro nominados pioneiros precederam, em muito, ao Cap João José Pereira(1) na Aratuba.

Bom alvitre também memorar que estes moradores nasceram pelo menos antes de 1779, pois, clara a legislação reinol determinando a idade minima de 25 anos para a venda-compra-doação de imóveis na colônia.

Leiamos aqui as duas mais importantes assertivas da lavra do Sr. Arlindo da Cunha Medina, nascido no Pacoti, na mais antiga coleção historiográfica sobre a Aratuba:

O Álbum do Congresso Eucarístico de 1945 em que ele discorre sobre a fundação da Aratuba:

01) Que a família Pereira chegou em 1829 na Aratuba;

- Compulsando os documentos disponíveis do início do século XIX nada encontramos que corroborasse com este alvitre, sejam provas cartoriais ou eclesiásticas, nihil ex nihilo existit. E se lá chegaram neste ano certamente já encontraram o casal Pedro de Barros e Clara Maria, posto que a filha Josefa lá no Coité nascera aos 15/12/1825 sendo batizada na Matriz de Nossa Senhora da Palma do Baturité aos 18/01/1827. 

02) Que João José Pereira e sua esposa, "Antonia Maria da Conceição"(?), doaram as terras a São Francisco de Paula em 07/09/1863.

- Convencionou-se quanto à primazia da inauguração de um burgo o doador do patrimônio ao orago ou ao padroeiro. Com justa razão é o Sr. João José Pereira o fundador da Aratuba, todavia nunca seu primeiro ou centésimo habitante!

Como lídimo também é constar João José Pereira no elenco dos ádvenas na Aratuba se comparados aos páter-famílias residentes nos locais supram informados.

Inconteste que o Cap Antonio Ferreira da Cruz lá residia há mais de meio século em diminutos 2,5 Km em linha reta da atual sede municipal! Outrossim, não há como se olvidar que este mesmo capitão cruzava o Coité para deslocar-se à sua fazenda de criar nos sertões do Canindé, invariavelmente no quadrimestre chuvoso.

E em relação ao Sitio Coité tido como embrião da formação urbana da Aratuba “construído por João José Pereira juntamente com 10 escravos que lá chegaram a 1829”?

Afinal foi ele o edificador e proprietário do sítio Coité, plântula daquela urbe como tem insistido, à exaustão a tradição oral?

 

Diante da fonte primária falece a lenda


Abaixo carreamos o documento que líquida esta lenda que teima em perpertua-se.

Inventário procedido aos 07/11/1855 pelo falecimento do Sr. João Amaro Abade ocorrido aos 04/10/1841 ab-intestato, sendo inventariante e meeira, a viúva D. Joana Peregrina de Santiago, -letrada, pois, assinou de próprio punho no inventário-, moradores em cima da Serra do Baturité deste termo no lugar e sítio Coité.

Filhos:

1) José Amaro de Araújo (casado);

2) Francisca Maria (casada com Francisco Barroso);

3) Maria Francisca (casada com Martinho Luis de Medeiros);

4) Ana Rosa (casada com Luis Barroso de Sousa);

5) Isabel Maria (casada com João Antonio Nogueira);

6) Antonia Maria (casada com Anastácio José Nogueira);

7) Úrsula Maria da Conceição (solteira de 23 anos);

8) Josefa Maria (solteira de 22 anos);

9) Maria Joana (solteira de 18 anos);

10) Teresa Maria de Jesus (solteira de 14 anos);

- Todos os retro indigitados encontram-se registrando o Sítio Coité legado em 1856 nos Livros de Registro de Terra do Baturité, exceção única do casal Francisca Maria e Francisco Barroso.

- Nenhum registro de terras, tanto no Baturité como no Canindé dá o Cap João José Pereira como proprietário de qualquer imóvel no maciço do Baturité!

Deslindadas algumas das idades dos filhos do casal em 1855, e estimando a média de dois anos e meio entre o nascimento dos rebentos e considerando possuir João Amaro Abade 20 anos quando do seu casamento, teríamos sua natividade estimada para 1770, pouco mais ou menos, portanto, pelo menos 25 anos mais velho do que o Cap João José Pereira nascido em meses de 1795, apud Raimundo Torcápio. Uma geração inteira!

Após tantas discussões, inúmeras querelas, incontáveis disputas por mais de 150 anos temos a honra de reconstruir a imagem geográfica da Aratuba em seus primórdios após compulsar este documento de importância capital para a historiografia daquela cidade. Praticamente a certidão de nascimento do menino Coité. Documento que brada para se ver apregoado em local de destaque no mais distinto edifício do poder público aratubense.

Inventariante: Dona Joana Peregrina de Santiago. Bem de raiz: Sítio Coité, avaliado em 500$000 (Quinhentos mil réis)*.  

“Declarou a inventariante e meeira haver de seu casal uma légua de terra no riacho Coité que houveram por compra que extrema da parte do nascente com uma gameleira com terras de Manoel Felipe Castelo Branco, na parte do poente com Matias Gomes de Matos, numa cachoeira grande, da parte do norte com Antonio de Barros, Florêncio Cavalcante e Romualda, da parte do sul com Bernardo de tal (**) e Antonio Marculino com todas as suas águas, sendo a metade seca e a metade murchada que foi avaliada na importância de quinhentos mil reis, sendo a terra fresca que digo na importância a uma légua fresca de quatrocentos e cinquenta mil reis que vão a margem. Avaliaram um légua seca  na quantia de duzentos mil reis que vão a margem. Declarou a inventariante que dessa terra que deu a descrição no lado de cima na extrema da cachoeira grande vendeu uma pequena parte a José Leonardo pelo preço de dez mil reis e junto ao mesmo pedaço vendeu outra porção dessa mesma terra pela quantia de duzentos mil reis a José Cavalcante sendo as extremas da pequena parte a José Leonardo. Seguintes: Da parte de baixo da cachoeira grande, da parte de baixo no lombo de um alto que vem da parte do nascente onde faz barra no riacho de Manoel Gomes só por uma banda do riacho Coité para o lado do nascente ficando a mesma inventariante com a mais terra que tenm na linha da serra para oura banda, digo, com a mais terra que tem por detras do alto, sendo a extrema da segunda venda feita a José Cavalcante da parte do poente onde faz barra com o mesmo riacho do Manoel Gomes, extremando com outro comprador José Leonardo, da parte do nascente entre duas pedras que no meio tem um pé de cajazeira, contando dali rumo direito a linha da primeira serra que se encontrar para a banda do nascente com as águas que dependem para dentro da mesma terra, da parte do norte entre os riachos do dito Manoel Gomes e da Romualda, com as águas que correm da linha de uma serra que fica na frente da parte norte para a terra vendida, e da parte sul extrema com terras do primeiro comprador José Leonardo”. 

(*) Vultuosa monta à epoca. Para se ter uma ideia do magno valor desta propriedade, mesmo considerando sua subavaliação em face do inventário em comento, o sítio Guaramiranga, o mais importante dianteiro daquela urbe foi vendido aos 26/07/1853 por 200$000 (Duzentos mil réis), sendo os vendedores: Francisco Xavier da Cruz e Francisco Alves Pinheiro, e o comprador: João Batista Alves de Lima. Como parte do pagamento o comprador pagou à vista 180$000 (Cento e oitenta mil réis) mais 15 vacas paridas sendo cada vaca no importe  de  1$000 (Um mil réis).  

(**) "Bernardo de tal", leia-se Bernardo Ribeiro Campos, vide registro de terras do Baturité nº: 1761 de 23/01/1858. Bernardo Ribeiro Campos nasceu em meses de 1801 no Quixeramobim,  ele bisneto do sesmeiro e fundador do Umari-CE. o português, Ten-Cel Manoel Ribeiro Campos e Ana Maria Soares. Com toda ironia deste planeta, nosso colateral paterno. Repete-se o adágio alhures desta postagem de que (Todos cearenses, mais cedo ou mais tarde, se "reuniam" no Baturité).  


Os mais antigos proprietários do Coité


A viúva e meeira Joana da Silva Peregrina de Santiago na escrituração de sua meação no livro dos registros  de terras do Baturité em 1858 indigita  os nomes dos mais remotos proprietários do sítio Coité. Registro de terra do Baturité nº: 1761, ipsis litteris-ipsis verbis: 


"Joanna Peregrina da Silva Sam Tiago possue na Freguesia de Baturité um sitio denominado Coité, que houve por compra ao Senhor João Nunes da Rocha(*) e Francisco Coité(**) extremando da parte do Nascente com terras de José Alexandre Castello-branco; pela parte do Poente com terras d’Antonio Ribeiro de Salles, d’ua banda do riacho, e da outra parte com Justino de Meneses; da parte do Sul com terras de Bernardo Ribeiro Campos, e o Tenente Coronel André Epiphanio Ferreira Lima; e da parte do Norte com terras de Francisco da Costa, e Florencio Uchoa Cavalcante. Baturité 23 de Janeiro de 1858. Joanna Peregrina da Silva Santiago.  O Vigario Raimundo Francisco Ribeiro." 


(*) João Nunes da Rocha casado com Maria José de Jesus, ele pernambucano natural de Vitória de Santo Antão, filho legítimo de Manoel Nunes Viana e Maria José de Jesus, iguamente pernambucanos e daquela mesma freguesia. Casado que foi com Josefa Maria natural do Baturité, filha legítima do Sgt Mor José dos Santos Silva, português do Porto, freguesia de São Pedro de Rates e Ana Ferreira natural da freguesia do Aquiraz.

(**) Francisco Alexandre Coité  casado com Ludovina Maria da Conceição. Damos notícia desta parelha nos assentos de  batismos das filhas, Rufina em 1848, Maria em 1855, outrossim apadrinhando o párvulo Francisco, índio em 1849, todos na Matriz de Nossa Senhora da Palma no Baturité.  

Fora o Coité durante anos um reles lugarejo de pouso tacanho ao longo da movimentada estrada que ligava o Baturité ao Canindé. Lugar como tantos outros nos topes da Serra do Baturité aqui pontuados, à exaustão. O povoado do Coité veio ganhar impulso apenas depois da ereção de sua Matriz. Trouxeram os religiosos de outrora os fundamentos da instrução. Autêntica obra de evangelização e educação! Este o verdadeiro ministério da S. Igreja: Pregar o SS. Evangelho e cuidar da salvação das almas.


                                        Efemérides


O local do sítio Coité que abrangia praticamente toda zona urbana da atual Aratuba diferenciava dos demais algures citados por sua abundância potâmica e pela circunstância de ser a primeiríssima área plana após as íngremes subida-descida da serra proporcionando descanso para os comboieiros, viajantes e animalia.

Trafegamos neste mesmíssimo caminho na nossa infância em lombo de muares “estralando a macaca” o que ainda sabemos até hoje, conduzindo cargas de rapaduras, alfenins e bananas desde as Flexeiras até a fazenda Santa Cruz no Canindé-Itapiúna ambas pertencentes aos nossos ascendentes, os Ferreira da Cruz.

Conhecemos o quintal da nossa casa à saciedade, circundamos o Maciço do Baturité por todos os seus sertões adjacentes, sopés, flancos e cimos, desde a estrada da Jubaia, Tanques e Ladeira Grande ao norte extrema do Maranguape, como nos contrafortes ao sul, nos Cajuais e Palmatória na Itapiúna.

Em suas vertentes oriental e ocidental colocamos o maciço pelo avesso. Usando motocicleta de trilha moderna e bem preparada subimos pelo Candeia de Cima até o Pacoti uma das escaladas mais difíceis devido às inclinações invariavelmente superiores a 40º.

Saíamos igualmente do Baturité via a estrada das correntes com seus massapês de barro vermelho crudelíssimos à tração em seus caminhos tortuosos sempre rumando oeste alcançavamos os sítios Bagaço, Palmas, Flor, Videl indo até à zona urbana do Mulungú. Vadeávamos os riachos Santa Maria e Nilo saindo na rodovia CE-065 bem no distrito do Lameirão no Mulungú.

Já no lado ocidental não há uma só ladeira que não tenhamos galgado-descido, inclusive a complicada trilha que liga o Pacoti ao Itapebussú pelo Gado dos Ferros.

Estamos sobremodo convictos que até o presente instante nenhuma obra historiográfica que nos precedeu versando sobre a primogênita do Maciço do Baturité possuiu condão elucidativo parelho. 

Temos usado este humílimo espaço para realizar nossas mais relevantes publicações, sempre preterindo os livros físicos, uma vez a PIRATARIA, que, malgrado nosso grassa e desgraça. Pretendemos dar publicidade abrangente no desiderato de alcançar a maior quantidade de interessados nos inéditos da história brasileira e regional aqui despendidos. Estamos sobremaneira realizados, pois, nossa última postagem alcançou a monta de 24 mil acessos após 60 dias de publicada, indício da possibilidade em reverter a tirânica idiotização que o gramcismo submeteu nossa juventude fazendo-a exceder em embrutecimento os irracionais. 


Finis coronat opvs


Experimento gaudium magnum em fazer desta singela postagem humílimo preito de gratidão dedicado exclusivamente ao Revdmo. Pe. Neri Feitosa, a quem não sou digno sequer de limpar suas sandálias; O que dizer então de calçá-las?!

O Revdmo. Pe. Neri Feitosa tem sido uma das maiores erudições da história e genealogia cearense, ou a maior. Agradeço a Deus por ter sido seu conterrâneo e contemporâneo, ato continuo, parafraseio o velho Simeão:  

“Agora, Senhor, podes despedir em paz o teu servo, pois já os meus olhos viram a  luz que Vós preparastes” para alumiar os cronistas, historiadores.

Em suma, A Igreja possui dívida irremível com o Comendador Ananias Arruda, na mesma proporção que a história e genealogia cearense possui com o Revdmo. Pe. Neri Feitosa. 


Brasília-DF 

200127ZAGO22SAB 

Clovis Messias Ferreira da Cruz Ribeiro de Campos Lobo,  PVT E-1 (11B)

sexta-feira, 3 de junho de 2022

A verdadeira origem das mais nobres famílias do Brasil Império 



Os Ribeiro Campos/Sanches de Carvalho na formação da elite do Império brasileiro


Inexequível transitar pela história brasileira no transacto século XIX sem que nos seja possível memorar a glória do império brasileiro. É que não nos apegamos ao passado por simples hábito, mas por princípios. Pela sucessão dos acontecidos àquela época, nunca por sentimentalismos.   

Indisputável, como adrede há de se ratificar, que nenhuma outra estirpe cearense e/ou paraibana alcançou a projeção, prestígio, status dos Ribeiro Campos/Sanches de Carvalho à época do Brasil império.

Raríssimo um sobrenome composto perdurar incorrupto atravessando 
14 gerações, mais de 330 anos, como é o caso do toponímico Ribeiro Campos!

Família em sua integralidade originária de três freguesias geminadas, atualmente circunscritas ao Arcebispado do Porto, antes no Arcebispado de Braga. Todas no Concelho de Lousada, as freguesias de São Pedro de Caíde de Rei, Aveleda e Santa Cristina de Nogueira. O trio, em seus extremos, com apenas 3 km de distancia desde a  mais oriental até a mais ocidental, triade banhadas pelo rio Sousa, daí o sobrenome toponímico Ribeiro Campos, ribeirinhos ao Rio Sousa e do lugar Campo localizado ao norte e centro geográfico comum das três freguesias retrocitadas. 

Os Sanches de Carvalho provêm dos lugares Arosa e Igreja às margens do Tâmega, na antiquíssima freguesia de São João Batista de Cavez, município de Cabeceira de Bastos, no mesmo Arcebispado de Braga, Portugal. Não tão distante de Lousada naquele mesmo arcebispado, meros 35 Km em linha reta do pueri dos Ribeiro Campos. 

Ambas as famílias bragantinas estabeleceram-se simultaneamente desde o séc. XVII na região nordeste com entradas pelas cidades do Recife-Goiana no Pernambuco e do Salvador na Bahia, para logo em seguida, em sua quase totalidade, fixarem-se nas províncias do Ceará e Paraíba e se espraiarem-se no primeiro lustro do séc. XIX nos mais recônditos rincões da nossa pátria, desde o Rio Grande do Sul passando por São Paulo, até Minas Gerais e a capital do império, o Rio de Janeiro. 

Dos mais antigos povoadores e desbravadores os Ribeiro Campos/Sanches de Carvalho constituíram, como adrede veremos, extensa plêiade inseridas nos mais altos escalões do Império do Brasil com seus mais destacadas vultos. 

Daremos a partir de agora um passeio na gloriosa história da nossa pátria, onde o poder moderador era exercido por homem de espesso caráter e alta erudição, não pela fina flor da ralé moral e intelectual que ora conspurca o Brasil.  

Conheceremos a condessa Mendes de Almeida, a Baronesa de Itaverava, os descendentes do senador Cândido Mendes de Almeida, o Senador José Saturnino da Costa Pereira, os Albuquerque e Mello, os Andrade Braga, os Martins Costa... 

Cada uma destas estirpes em escancarado contraponto aquelas que se ufanam das torpezas e crimes dos seus antepassados, em especial pelo mal que causaram e pelo bem que deixaram de fazer. 

Nesta exata variável, malgrado nosso, o Ceará parece possuir um plantel praticamente inesgotável. Parcela dos seus cronistas chegaram ao extremo em assassinar a reputação dos próprios ascendentes fins auferirem algum status de nobreza. Tacanhas, medíocres. Pés de balcão! 

Parecem -inexorcisáveis- desta desgraçada síndrome do vira-lata. Mui provavelmente nunca irão se libertar das taras atávicas que lhes são imanentes.

Na total ausência de heróis escolhem para si toda a sorte de ladrões, cangaceiros, vagabundos, patifes. Constroem inclusive, ermas e monumentos para estes celerados! 

Não sem razão estão servilmente submetidos há mais de um quarto de século pela mais despótica, corrupta, monocrática e monolítica dinastia que garroteia e desgoverna aquele estado. Nem todas as secas com seus cortejos de desgraças que invariavelmente as acompanham, sejam: Homicídios, latrocínios, roubos, saques, estrupos, prostituição, orfandade, fome, cólera, tifo, varíola, mendicância... conseguiram ser mais deletérias ao Ceará e sua sociedade.  

Mutatis, mutandis...

Estamos convencidos de que esta publicação possa alentar às pesquisas históricas e genealógicas, ato contínuo se constitua em forte trincheira diante da exiguidade <gramcista-paulofreiriana> que contaminou com seu fétido bolor todos os escalões da educação brasileira.

Manejarei doravante o crayon tão somente até o busto, porquanto inexecutável desenhar todo o quadro, mesmo possuindo material para mui extensa obra, pois temos varejado e colecionado documentos e cópias de fontes históricas, à saciedade, por mais de um quarto de século, tudo e todo às nossas exclusivas iniciativas e expensas. 

Quatro existências neste planeta seriam insuficientes para ler o documental histórico que acumulamos. Assim foi que resolvemos utilizar esta tela, uma vez exangues por testemunhar a volúpia com que estão sendo copiadas e compartilhadas sem a autorização dos seus respectivos autores, muitas das obras dos mais renomados genealogistas e historiógrafos contemporâneos, fins o abastecimento da indústria dos pretensos cristãos-novos. Dessarte, optamos por usar o espaço deste humílimo bloguezinho. 

Neste nosso mais recente trabalho, igualmente inédito, faremos brevíssima súmula biográfica sobre parte da descendência e ascendência do deputado a primeira constituinte brasileira de 1823, Cavaleiro da Ordem de Cristo e da Rosa, Comendador da medalha da Constância e Bravura, Juiz de Paz e Advogado: Antonio Ribeiro Campos.

Relacionaremos doravante resumido trozo da extensa prole desta enigmática figura nascido em meses de 1793 e falecido na capital do Império do Brasil aos 02 de junho de 1871  e sua consorte, D. Antonia Batista Campos nascida na freguesia do Icó no Ceará c.1788 e falecida na capital do império aos 19/12/1857.


Segue: 


01) D. Carlota Adelaide Ribeiro Campos, nascida em meses de 1820 em Pernambuco e falecida aos 21/09/1893 na Rua do Catete no Rio de Janeiro. Dedicou-se à vida religiosa. Não se casou. 


02) Condessa Rosalina Escolástica Ribeiro Campos nascida em 15/05/1835 no Rio de Janeiro.

Batizada aos 23/06/1837 e falecida aos 24/09/1913 no Rio de Janeiro. Padrinhos: O comendador João Bonifácio Alves da Silva e D. Escolástica Gabriela de Sousa Pedrosa, esposou-se com o Sen. Candido Mendes de Almeida (*14/10/1818 em Brejo, MA e +01/03/1881 no Rio de Janeiro)

É proverbial a ilustração e distinção deste casal e respectiva prole!

Destacamos uma das maiores erudições que nossa pátria já possuiu. O político, jornalista, advogado, um dos maiores oradores da câmara alta, senão o maior que o Brasil teve a ventura de contar. O senador Candido Mendes de Almeida filho legítimo do capitão de corveta da marinha portuguesa Fernando Mendes de Almeida e D. Esméria Alves de Sousa, filha do capitão-mor Domingos Alves de Sousa e de Eusébia Alves de Sousa. Potentados riquíssimos e dos mais influentes pecuaristas da região fronteiriça do Maranhão-Piauí na ribeira do Parnaíba.   

O Dr. Candido Mendes bacharelou-se em direito na tradicional Faculdade de Direito de Olinda, Em 1874 como patrono da justa causa de Dom Frei Vital Maria Gonçalves de Oliveira fez brilhante defesa deste religioso no Supremo Tribunal de Justiça do Império. O comendador Candido Mendes de Almeida cuidou da defesa como se Dom Vital fosse um antigo amigo e parente muito próximo.

Todo este ardor e dedicação era fruto da sua elevadíssima estatura moral, sua distinta erudição e devotado amor à fé católica.

O senador Candido Mendes foi condecorado com a Real Ordem Militar de Nossa Senhora da Conceição de Vila Viçosa sendo esta uma ordem dinástica portuguesa cujo título de grão-mestre é usado por Duarte Pio de Bragança e com a Imperial Ordem da Rosa, ordem honorífica brasileira pelo imperador D. Pedro I para perpetuar a memória de seu matrimônio, em segundas núpcias, com D. Amélia de Leuchtenberg e Eischstädt.

Matrimoniou-se Candido Mendes de Almeida na Igreja das Carmelitas no Rio de Janeiro aos 29/09/1850 com D. Rosalina Escolástica Ribeiro Campos, mais tarde a Condessa de Mendes de Almeida. Como testemunhas deste enlace  presentes o próprio Ministro da justiça do Império do Brasil em pleno exercício do cargo, o Dr. Eusébio de Queirós Coutinho Matoso da Câmara (Célebre pela lei do mesmo nome que proibia o tráfico de escravos). O Dr. Eusébio de Queirós era nascido em São Paulo de Luanda, Angola em 1812. A outra testemunha daquele desponsório o famanaz Visconde de Monte Alegre.

Discorremos aqui sobre dois filhos do casal: O senador Fernando Mendes de Almeida, nascido aos 26/07/1845 em São Luís-MA, e o diplomata, jurista e professor Candido Mendes de Almeida Filho (*1866 e +1939).

O senador Fernando Mendes de Almeida fundou Faculdade Livre de Direito, depois a Faculdade Livre de Ciências Jurídicas e Sociais do Rio de Janeiro sendo esta instituição o embrião da Faculdade Nacional de Direito da Universidade Federal do Rio de Janeiro. Como jornalista exerceu a diretoria e a chefia de redação do Jornal do Brasil. 

Em 1879 iniciou o movimento pela criação de uma Faculdade Livre de Direito na capital da corte, que assumisse um perfil progressista. Três anos depois, em 18 de abril de 1882, funda, com sede em seu escritório na Rua do Rosário, n.º 74, a Faculdade Livre de Ciências Jurídicas e Sociais do Rio de Janeiro, que somente obteve autorização plena para funcionar em 1891, após a proclamação da República. Esta instituição foi o embrião da atual Faculdade Nacional de Direito da Universidade Federal do Rio de Janeiro. Criou o Curso de Comércio que deu origem a atual Universidade Cândido Mendes, instituição particular de ensino que até hoje pertence à família.

Já Cândido Mendes de Almeida Filho nascido em Paraíba do Sul-RJ em 1866 foi o primeiro conde de Mendes de Almeida. Aos vinte anos formou-se pela Faculdade de Direito de São Paulo. Ingressou no Ministério Público, no Rio de Janeiro então capital federal. Ao deixar esta função, dedicou-se à advocacia. Lecionou Prática Forense na Faculdade de Ciências Sociais do Rio de Janeiro e, mais tarde, na Faculdade de Direito da Universidade do Brasil. 

Junto com seu irmão, o senador Fernando Mendes de Almeida foi diretor do Jornal do Brasil. Em 1902, fundou a Escola Técnica de Comércio Cândido Mendes, atual Universidade Cândido Mendes. Colaboraram neste empreendimento seu irmão Fernando Mendes de Almeida, o visconde de Ouro Preto, Afonso Celso, Nerval de Gouveia e o Ten Cel Conrado Jacob Niemeyer.

Foi o representante do Brasil em inúmeros congressos penitenciários internacionais, em Praga, Berlim, Copenhague e na Haia. Em 1905, em Londres, participou da Comissão Internacional Penal e Penitenciária. Também foi delegado do Brasil no quinto Congresso Internacional das Câmaras de Comércio, em Boston. Foi o criador do "Selo Penitenciário" e presidente do Conselho Penitenciário do Distrito Federal. No Rio de Janeiro, exerceu os cargos de diretor e redator-chefe do Jornal do Brasil. Também foi responsável pela criação do Participou da fundação de diversas outras instituições. Foi advogado de renome na Capital da República e professor da Faculdade de Direito.

Cândido Mendes de Almeida consorciou-se com Maria da Glória Carneiro Leão, condessa Mendes de Almeida, filha do barão de Santa Maria e neta do marquês de Paraná. 

Católico fervoroso recebeu do papa Leão XIII o título de conde da nobreza pontifícia. Em homenagem a seu pai, que defendera o bispo Dom Vital de Oliveira, na Questão Religiosa, em 1874, e em reconhecimento de sua incansável defesa das causas da Igreja.

Do casal Rosalina e Candido descendem o político e escritor Candido Mendes de Almeida Júnior (falecido em 1962), S. Exa. Revdma. o bispo Dom Luciano Mendes de Almeida (*1930/+2006), ex-presidente da CNBB, o jurista Candido Antônio José Francisco Mendes de Almeida (1928), reitor da Universidade Candido Mendes, o acadêmico, professor, advogado, sociólogo, cientista político e ensaísta Candido Antônio José Francisco Mendes de Almeida (*03.06.1928,RJ. e +17.02.2022 no RJ.);


03) Antonio Ribeiro Campos, Jr. nascido em meses de 1829 no Recife-PE.,  e falecido aos 31.03.1888 no RJ.

Comandante geral da guarda urbana da capital federal e chefe geral de policia da corte, casou-se aos 02.08.1851 no Rio de Janeiro (freguesia de Santana) com D. Rita do Carmo Pires, filha legítima do Capitão-de-mar-e-guerra Francisco Miguel Pires e D. Rita Luísa Pires. Foram testemunhas José Albano Cordeiro e Francisco Pereira da Cunha. Enviuvando casou-se com D. Henriqueta Dias Garcez viúva do Major João Antonio de Magalhães Garcez. 

Um filho anotado com grande progênie no Rio de Janeiro:  

- Carlos Augusto de Moura Campos cc. Josefina Clara de Souza

 

04) Maria Luísa Ribeiro Campos nascida aos 23 de abril de 1836 no Rio de Janeiro.

Batizada aos 23 de junho de 1837 no oratório particular da residência do seus pais no Rio de Janeiro.  Foram padrinhos o comendador Antonio José Pedrosa e D. Luísa Adelaide de Andrade  casou-se aos 28/09/186 com o Cel José Maria de Albuquerque Bloem, filho legítimo de João <Johann> Bloem (*19.04.1798 em Krefeld, North Reno-Westphalia, Alemanha e +22.04.1851 Porto Alegre-RS. Suicídio?) e D. Maria Carolina de Albuquerque e Mello descendente de uma das mais tradicionais famílias nordestinas.

João Bloem entrou no Exército Brasileiro no <Corpo de Engenheiros> em julho de 1823. Foi comandante da ilha de Fernando de Noronha em 1826 e responsável por reequipar suas fortificações. Fez parte, em 1825, da Comissão Militar, liderada pelo Ten Cel Conrado Jacob de Niemeyer, que julgou os sediciosos do Ceará em 1824 levando ao fuzilamento de alguns dos seus líderes. Pe. Gonçalo Inácio de Albuquerque e Mello (Mororó); Luiz Inácio de Azevedo (Bolão); João de Andrade Pessoa (Anta); Feliciano José da Silva (Carapinima) e Francisco José Pereira (Ibiapina) este pai do mui célebre e bem aventurado Padre Ibiapina, cujo túmulo e memorial na cidade de Solânea-PB foi perfidamente conspurcado ao colocarem em jazigo adjacente o acatólico, comunista e excomungado belga, José Comblin fins dar verniz religoso a suas ações subversivas.  

Bloem esteve de volta à Europa em 1837 por um ano, fins adquirir equipamentos, material didático e contratar pessoas. Quando voltou, em dezembro de 1838, trouxe mais de 200 pessoas, principalmente alemães, sendo que 50 foram trabalhar em Ipanema e os demais ficaram trabalhando na construção da <Estrada da Maioridade>. As famílias Bresser e Holtz radicadas nas regiões sul-sudeste descendem de pessoas trazidas por ele ao Brasil.

Sua direção na <Fábrica de Ferro de Ipanema> foi um dos momentos mais profícuos daquele empreendimento. Recolocou em operação os altos fornos e o refino do ferro, reequipou as oficinas de usinagem de peças. Atendeu as necessidades econômicas regionais, fundindo mais de 200 moendas de cana de açúcar para os fazendeiros de Itu, Campinas, Mogi-Mirim e região, e aos interesses do Exército Imperial fornecendo ferro gusa para o Arsenal da Marinha e produzindo três canhões (incluindo a usinagem da alma, com tornos trazidos da Alemanha. Dois dos canhões estão na Praça do Canhão, em Sorocaba, e um no Museu do Ipiranga. Alguns de seus mapas e suas obras de ferro fundido podem ser vistas no Centro de Memória da Floresta Nacional de Ipanema.

 Anotamos dois filhos:

 - Cecília d'Albuquerque Bloem (*06/06/1862 em Abaetuba,PA. e batizada aos 06/07/1862 na Igreja de Santa Rosa de Lima em Abaetuba-PA.)

 - José Maria d'Albuquerque Bloem (*26/03/1865 no RJ e batizado aos 21/09/1865 no RJ)

 

05) Marcolina Augusta Ribeiro Campos nascida em meses de 1820 na Vila de Flores em PE. e falecida aos 19/06/1897 no RJ. 

Casou-se aos 07/07/1845 com o Dr. Jorge Saturnino da Costa Pereira filho legítimo do senador José Saturnino da Costa Pereira nascido na Colônia do Sacramento, Uruguai. Saturnino da Costa Pereira foi engenheiro, militar e político. Era irmão do jornalista Hipólito José da Costa, patrono da imprensa brasileira. Cursou ciências matemáticas na Universidade de Coimbra, entre 1802 e 1806.

José Saturnino da Costa Pereira assumiu a presidência da província de Mato Grosso, sendo o primeiro do período imperial, cargo que assumiu em 10 de setembro de 1825. Responsável implantação de Cuiabá como capital da província do Mato Grosso, pois impôs como condição para governar a partir de Cuiabá, e não de Vila Bela da Santíssima Trindade de onde João Carlos Augusto de Oyenhausen-Gravenburg que muito tentou, e tudo fez junto a D. Pedro I, mas não conseguiu a autorização para transferir a capital para Cuiabá. Não possuía João Carlos o prestígio e a dinâmica de Costa Pereira. A província de Mato-Grosso após a administração de João Carlos estava um caos em que pese ter ele sido "benquisto pelo povo mato-grossense”. 

José Saturnino da Costa Pereira recebeu a província do Mato Grosso em situação caótica. Uma de suas primeiras medidas foi  desativar a companhia de mineração, criada no governo de Oyenhausen devido aos gigantescos prejuízos, comumente acabou com o problema do déficit da província, que chegava aos 800 contos de reis em salários atrasados, tanto do pessoal civil como de militares. A receita anual da província era de no máximo 40 contos de reis. Os salários somente eram resgatados com um desconto de 95%. 

O senador Saturnino da Costa Pereira foi autor de importantíssimas obras que foram aprimoradas, e algumas reeditadas por seu filho Jorge da Costa Pereira, e.g.: Elementos de Cálculo Diferencial e de Cálculo Integral; Dicionário Topográfico do Império do Brasil; Plano para Divisão das Comarcas, Cidades, Vilas, Povoações e Paróquias da Província de Mato Grosso; Recreação Moral e Científica; Elementos de Lógica; Compêndio de Geografia Elementar; Elementos de Geodésia; Lições Elementares de Ótica; Aplicação da Álgebra à Geometria ou Geometria Analítica; Elementos de Mecânica; Elementos de Astronomia e Geodésia.

 

06) Júlia Cecília Ribeiro Campos nascida em meses de 1818 em Recife-PE. 

Casou-se aos 09/06/1838 no oratório particular do senador Candido Mendes de Almeida com o Dep pelo Rio Grande do Sul  Dr. José de Almeida Martins Costa nascido aos 30/04/1806 em Brejo dos Anapurus, MA. e falecido aos  22/07/1897 com 91 anos completos. Ele filho legítimo de do Ilustre médico Domingos de Almeida Costa primo do senador Cândido Mendes de Almeida. Também, seu irmão foi o jurista José de Almeida Martins Costa, este, desembargador do Tribunal de Justiça da Província de São Pedro do Rio Grande do Sul (atual Tribunal de Justiça do Estado do Rio Grande do Sul), tendo exercido a presidência da corte de 1891 a 1892, além de José ser o fundador do ramo do Rio Grande do Sul da família Martins Costa.

Domingos radicou-se no Rio de Janeiro, a cidade onde mais atuou na sua profissão tornando-se um conceituado médico na província. É um dos principais ascendentes de tradicional família brasileira do Maranhão e que se difundiu nos estados do Rio de Janeiro e Rio Grande do Sul: Os Martins Costa. Martins Costa foi eleito membro da Academia Nacional de Medicina em 1876, ocupando a Cadeira nº: 6.

Filhos anotados estabelecidos no Rio Grande do Sul:

- Ludovina Augusta Martins Costa de Araújo Vianna (*1863)

- Julia Luce de Almeida Martins Costa (*21/04/1865 em Penedo-AL. e +19/05/1952 em Porto Alegre-RS.)

- José de Almeida Martins Costa Júnior. (*26/10/1866 no Brejo dos Anapurus-MA. e +01/01/1945 em Porto Alegre-RS.)

- Antonio de Almeida Martins Costa (*07/03/1872 em São Luís-MA. e +22/10/1917 em Porto Alegre-RS.)

 

07) Águeda Maria Ribeiro Campos nascida c.1843 no Rio de Janeiro.

Casou-se com o Cap José Maximiano Pereira da Cunha descendente de uma das mais ilustres e tradicionais famílias mineiras, os Pereira da Cunha Torga. O Cap. José Maximiano é neto de Alexandre da Cunha Matos cc. Antonia de Negreiros, bisneta do cap. Manuel Cardoso de Negreiros, patriarca da importantíssima família Negreiros da Bahia. Acreditamos que este Alexandre da Cunha Matos foi o guarda-mor das Minas do Distrito de Vila Rica de Ouro Preto, por provisão do governador Gomes Freire de Andrade, datada de 27 de Janeiro de 1744.

É por demais extensa a descendência deste casal na região metropolitana, mormente na região metropolitana de Belo Horizonte, como no Sudoeste, Zona da Mata, Campos das Vertentes de Minas Gerais, bem como em São Paulo e Rio de Janeiro.

Plotamos os seguintes filhos, todos nascidos em São João d’El Rey nas Geraes:

- José Ribeiro Campos Pereira da Cunha (*31/01/1863 e batizado na Igreja de N.Sa. do Pilar em São João d’El Rey aos 19/03/1863, os padrinhos seus tios paternos, Dr. Salatiel de Andrade Braga e D. Antonia Carolina Ribeiro Campos)

- Antonio Augusto Ribeiro Campos Pereira da Cunha (*24/03/1864)

- Pedro Ribeiro Campos Pereira da Cunha (*19/05/1865)

- Maria Ribeiro Campos Pereira da Cunha (*c.1868)

- João Ribeiro Campos Pereira da Cunha (*24/07/1870)

- Ana Ribeiro Campos Pereira da Cunha (*13/01/1882)

 

08) Dr. José Emílio Ribeiro Campos nascido no Rio de Janeiro aos 10/03/1842 e falecido em São Paulo-SP. aos 12/01/1898. 

Casou-se com D. Alzira Augusta Pereira Campos falecida aos 04/09/1903 filha de Constantino José Pereira e D. Bernardina Eufrosina das Neves. Foi o Dr. José Emílio um dos mais brilhantes advogados e educadores do Estado de São Paulo. Diretor do tradicionalíssimo Colégio Internacional junto com sua esposa D. Alzira Augusta.

O Dr. José Emílio foi homem de muitas posses e vultosa fortuna. Promotor público da Comarca de Santos, igualmente vereador daquela cidade e empenhando militante na causa abolicionista. Juntamente com seu filho o Major José Emílio Ribeiro Campos Júnior foi um dos fundadores e maiores acionistas do Banco de Santos.  Importante logradouro em Santos possui seu nome.

Autor da raríssima obra jurídica: 

<Memorial Descripção do Desacato feito á Noite à Barca Portuguesa "Acaso" no Porto de Santos pelo Guarda Mór da Alfândega José Cândido Nunes Pires>

Vastíssima e muito destacada da sua descendência no estado de São Paulo.

Alguns filhos anotados:

- Dr Isidoro José Ribeiro Campos (*06/10/18730)

- Maj José Emílio Ribeiro Campos, Jr.

- Olimpia Ribeiro Campos

- Sofia Augusto Ribeiro Campos (*c.1876 e falecida aos 01/09/1932)

 

09) Antonia Carolina Ribeiro Campos nascida no primeiro quartel de 1831 no Rio de Janeiro.

Casou-se aos 03/10/1845 na belíssima Igreja de São José no centro do Rio de Janeiro com  o eminente jurista e político Dr. Salatiel de Andrade Braga oriundo de uma das mais tradicionais famílias mineiras e espalhada por toda região sudeste, pois descende do casal da Vila do Porto nos Açores José de Andrade Braga (*c.1699 e +25/02/1775) e Maria da Conceição (*c1700) casados aos 23/02/1726 na matriz de Nossa Senhora da Assunção, Ilha de Santa Maria. O casal migrou para o Brasil fixando residência em Prados-MG.

A descendência de D. Antonia Ribeiro Campos e o Dr. Salatiel está prenhe dos mais respeitáveis e ilustrados juristas mineiros. O Dr. Salatiel foi presidente da Câmara de São João d’El Rey no período 1855-1858, juiz municipal. O Dr. Salatiel foi designado na forma de Ordem imperial de 10/11/1843 fins emitir parecer sobre apresentações teatrais pelo Conservatório Dramático Brasileiro.

A prole deste é vasta e bem distribuída pelos estados do Rio de Janeiro e Minas Gerais.

Filhos encontrados, todos com descendência:

- Luísa de Andrade Braga (*23/05/1847 e +21/05/1915 ambos os enventos no Rio de Janeiro. Casada com o Cel Francisco Joaquim de Andrade e Silva). 

- Salatiel de Andrade Braga Júnior (*31/12/1848 em Uberaba-MG e batizado aos 17/05/1849 na Igreja Matriz de São Sebastião e Santo Antônio daquela urbe. Foram padrinhos: Cel João Quintino Teixeira e sua esposa D. Carolina Eulalia da Silva Teixeira)

- José de Andrade Braga (*05/08/1861 em São João d’El Rey-MG e batizado aos 18/08/1861 na Igreja de Nossa Senhora do Pilar. Padrinhos os seu tios maternos o Ten Carlos Augusto Ribeiro Campos e D. Rita Augusta Ribeiro Campos)

- Rosalina de Andrade Braga (*c.1865 em São João d’El Rey-MG e + 28/09/1928 no Rio de Janeiro)

 

10) D. Ana Eugenia Ribeiro Campos, a Baronesa de Itaverava nascida em meses de 1839 no Rio de Janeiro-RJ. 

Casada aos 23 de abril de 1864 em São João d’El Rey-MG com o Barão de Itaverava, o Sr. Alexandre José da Silveira nascido aos 29/11/1797 em Passa Quatro-MG e falecido em São João d’El Rey aos 14/06/1880 rebento de uma das mais antigas e tradicionais famílias mineiras sendo filho de Manoel José da Silveira e D. Maria José Pacheca.

Em São João d’El Rey nas Minas Gerais demora um dos mais espetaculares e imponentes sobrados da arquitetura colonial brasileira. O Solar da Baronesa de Itaverava, o qual, por sua magnificência vem a ser um dos mais importantes edifícios históricos das Geraes e do Brasil. Sua relevância histórica e arquitetônica únicas, por esse motivo, desde 1938 este gigantesco sobrado foi tombado pelo IPHAN.

       Solar da Condessa de Itaverava em São João d’El Rey-MG. 

Em seus múltiplos salões deram-se fastuosos bailes. Tão imponente era o edifício situado no Largo do Carmo defronte a Igreja do mesmo nome no atual centro histórico de São João d’El Rey que o próprio Imperador Dom Pedro II lá esteve por duas vezes prestigiando os saraus que invariavelmente adentravam a madrugada em que pese à falta de energia e as vicissitudes da época.   

Desde junho de 1995, parte do casarão pertence à Universidade Federal de São João del-Rei (UFSJ), que além de preservar o patrimônio histórico e arquitetônico, acreditou que o prédio tinha capacidade para abrigar um centro cultural que estimulasse a produção cultural nas redondezas. Foram realizadas diversas obras, e no dia 28 de abril de 2000, o Centro Cultural da Universidade Federal de São João del-Rei deu início às suas atividades artísticas e culturais.

Falecido o barão de Itaverava a baronesa se casa com o Dr. Anselmo Christino Fioravanti farmacêutico e depois vereador em São João d’El Rey. Porventura ele descendente do cirurgião italiano que serviu na Marinha Real Britânica nas guerras napoleônicas, co-fundador da cidade de Santo Antônio da Patrulha no Rio Grande do Sul e Marcos Christino Fioravanti nascido na Ilha de Santa Maura em Veneza em meses de 1775 e falecido c.1862(?).

Marcos Christino Fioravanti em 1803, servindo como cirurgião do HMS Seahorse, desembarcou no Brasil na cidade de Desterro atual Florianópolis, e de lá se estabeleceu em Osório no Rio Grande do Sul. Os registros mostram que Fioravanti foi co-fundador da cidade de Santo Antônio da Patrulha em 3 de abril de 1811. Ali construiu a primeira casa de dois andares da cidade, onde morou até 1856, quando vendeu todas as suas propriedades e mudou-se para São Borja com a família. Construiu uma fonte de estilo barroco que abastecia a cidade. O brasão imperial foi colocado nesta fonte em 1826, quando o imperador Dom Pedro I bebeu durante sua visita à cidade com o exército imperial. Em 02/07/1854, Fioravanti foi favorecido pelo Imperador do Brasil, Dom Pedro II, com o posto de oficial da Ordem da Rosa.

 

11) Cel Carlos Augusto Ribeiro Campos nascido no Rio de Janeiro aos 17/08/1838.

Casado em primeiras núpcias aos 30/05/1857 na Igreja de Santo Antonio no centro do Rio de Janeiro com D. Barbara de Matos Lousada, filha do abastadíssimo comerciante português José Vitorino Jorge e D. Barbara de Matos Lousada, como testemunhas, os próprios cunhados, o senador Candido Mendes de Almeida e o Dr. Salatiel de Andrade Braga, além do consagrado professor das províncias do Espírito Santo e Rio de Janeiro o comendador Cirillo Dilermando da Silveira, nascido no Icó-CE autor da célebre obra Exercícios de análise lexicografa ou gramatical e de análise sintáxica e lógica da língua portuguesa.

Do matrimonio do Cel Carlos Augusto Ribeiro Campos com D. Barbara de Matos Lousada, apenas uma criança, de nome Carlos Augusto Ribeiro Campos Filho, nascido aos 03/04/1859 e batizado na Igreja da Gloria no Rio de Janeiro aos 12/04/1859 sendo padrinhos, o avô paterno Antonio Ribeiro Campos e sua filha, a irmã do Cel Carlos Augusto, D. Carlota Adelaide Ribeiro Campos. 

A criancinha logo ao completar um ano de vida faleceu aos 12/05/1860. Já a mãe, D. Barbara de Matos Lousada não mais vivia quando do falecimento do filho. 

Uma tragédia para o Cel Carlos Augusto! 

Em menos de dois anos perdera a esposa e o filho primogênito! Inferimos que este acontecimento galvanizou a alma deste intrépido herói da armada imperial, pois atendendo ao chamado da Pátria seguiu para o Uruguai e o Paraguai participando por cinco anos ininterruptos de combates duríssimos conquistando várias distinções e medalhas por repetidos atos de bravura. Destacou-se tanto, que foi convocado pelo próprio Almirante Tamandaré como seu ajudante de ordens. Participou ativamente em vanguarda o então Ten Carlos Augusto Ribeiro Campos nas batalhas do Riachuelo, Mercedes e Cuevas.

Viúvo, o Ten Cel Carlos Augusto Ribeiro Campos convolou núpcias com a sãojoanense D. Rita Augusta do Carmo, filha do Alferes Clementino José do Carmo e D. Eufrosina Paulina Ribeiro. 

Finda a guerra no Paraguai Carlos Augusto Ribeiro Campos seguiu para as Minas Gerais onde se juntou ao contingente fixo do Corpo Policial do Estado de Minas Gerais (PM) aos 07/08/1869. Promovido a capitão aos 08/01/1873, a major aos 05/10/1892, e finalmente a tenente coronel a 23 do outubro de 1895, falecendo em 18/08/1897 um dia após seu 59º aniversário de enfisema pulmonar. Foi sepultado no dia seguinte no Cemitério da Igreja de Nossa Senhora do Monte do Carmo.

Deter-me-ei doravante nos sucessores deste filho do Dep Antonio Ribeiro Campos, pois experimento gaudium magnum pelo privilégio neste espaço em homenagear a maior glória sãojoanense adiante mencionado, pelo que aqui colecionamos 09 (nove) filhos com os respectivos dados que ora expomos:

01 - Carlos Ribeiro Campos, nascido em São João d’El Rey aos 01/11/1862 e batizado aos 09/02/1863 na Igreja de N.Sª. do Pilar sendo padrinhos os avós maternos Alf. Clementino José do Carmo e D. Eufrosina Paulina Ribeiro;

02 - José Ribeiro Campos, nascido em São João d’El Rey aos 07/01/1871 e batizado aos 03/08/1871 na Igreja de N.Sª. do Pilar sendo padrinhos o Alferes José Maximiano Pereira da Cunha, casado com sua tia paterna D. Águeda Maria Ribeiro Campos Pereira da Cunha e sua tia materna D. Luisa Augusta Ribeiro do Carmo;

03 - Eufrosina Augusta Ribeiro Campos, nascida em São João d’El Rey aos 04/07/1873 e batizada aos 17/08/1873 na Igreja de N.Sª. do Pilar sendo padrinhos seu tio paterno o Dr. José Emilio Ribeiro Campos, morador em Campos do Jordão-SP. e sua tia paterna D. Águeda Maria Ribeiro Campos;

04 - Carlos Augusto Ribeiro Campos Júnior, nascido em São João d’El Rey aos 17/12/1874 e batizado aos 12/03/1875 na Igreja de N.Sª. do Pilar sendo padrinhos Balbino Candido da Cunha e Antonia Carolina da Fonseca da Cunha este casal pai de Miguel Gastão da Cunha casado com  Elisa de Castro Cunha filha de Carlos Batista de Castro e Maria José Batista de Castro, barão e baronesa de Itaípe;

05 - Carlos Frederico Ribeiro Campos, nascido c.1876 casado com D. Clotildes Ferreira da Luz, nascida c.1881 e falecida em 09/10/1968;

06 – D. Julieta Ribeiro Campos da Motta, nascida em São João d’El Rey aos 18/10/1877 e batizada aos 17/12/1877 na Igreja de N.Sª. do Pilar sendo padrinhos o Cap. Cap. Francisco Joaquim de Andrade e Silva e sua esposa D. Luisa Adelaide Braga de Andrade. D. Julieta Ribeiro Campos casada com o Sr. Pedro Teixeira Nanan da Motta faleceu em Belo Horizonte aos 06/08/1971;

07 - Prof Antonio Augusto Ribeiro Campos nascido no interim do ano de 1880 em Carmo do Rio Claro-MG e batizado aos 25/03/1881. O Prof. Antoniquinho, como era conhecido, faleceu mui precocemente aos 37 anos aos 27/11/1917. O Prof Antonio Augusto foi criado pela sua tia paterna D. Águeda Maria Ribeiro Campos e seu esposo o Cap José Maximiano Pereira da Cunha.  O Prof Antonio Augusto Ribeiro Campos foi casado com a talentosa e virtuosa musicista D. Olivia de Oliveira, nascida aos 1879 e falecida com a provecta idade de 94 anos em 1973,. D. Olivia inventariou seu esposo em 1918; 

08 - Maria da Gloria Ribeiro Campos da Motta nascida em 1884 e falecida aos 29/03/1958 em Belo Horizonte-MG. Matrimoniou-se com o Sr. Matheus Motta, irmão do Sr. Pedro Teixeira Nanan da Motta acima mencionado;

09 - Francisco de Paula Ribeiro Campos nascida em São João d’El Rey em dias de dezembro de 1898 e batizado aos 17/08/1899 na Igreja de N.Sª. do Pilar sendo padrinhos Dr. Clementino José do Carmo Júnior e sua tia paterna D. Maria Luísa Ribeiro Campos Bloem.

Aqui abrimos espaço para discorrer da descendência do 7º filho do casal Ten Cel Carlos Augusto Ribeiro Campos e D. Rita Augusta do Carmo: o Prof Antonio Augusto Ribeiro Campos.

Do Prof Antonio Augusto Ribeiro Campos casado com a virtuosa músicista D. Olivia de Oliveira, pudemos anotar três filhos:

 - Gen Carlos Oliveira Ribeiro Campos cc. D. Maria da Conceição de Assis;

  - D. Maria da Conceição de Oliveira Ribeiro Campos;

- D. Águeda de Oliveira Campos matrimoniada aos 08/12/1928 na Igreja de São Francisco de Assis em São João d’El Rey com o Sr. Antonio Tirado Lopez.

Desta união é que surgiu a maravilha de São João d’El Rey, o mestre, músico, beletrista, poliglota, maestro, compositor, literato, memorialista, latinista, locutor sacro, nosso primo, o Prof Abgar Antonio Campos Tirado. 

Despicientes serão nossos mais denodados esforços fins significar uma justa homenagem à glória sãojoanense. Estivemos várias vezes em São João d’El Rey, assistimos ao Ofício de Trevas na semana santa, no qual maravilhados, presenciamos o Prof Abgar Antonio Campos exercer seus misteres de orador sacro. Desafortunadamente sempre um imprevisto para cumprimentá-lo pessoalmente.

Até aqui a descendência mineira, paulista, carioca e gaúcha do casal Antonio Ribeiro Campos e D. Antonia Batista Campos.


Mas afinal qual a origem do Deputado à 1ª constituinte do Brasil? 


Quem era o Deputado pela Província de Pernambuco eleito pela Comarca de Flores do sertão do Pajeú pernambucano?

Nenhum historiador, memorialista, cronista ou genealogista cuidou de se ocupar sobre o tema fins desanuviar o enigma sobre a família, enfim, a ascendência deste deputado. Nada consta na nossa historiografia sobre o tema. Tudo tem permanecido na maior obscuridade.

O acuradíssimo e sempre preciso barão de Studart um dos mais prolíficos e precisos memorialistas e historiógrafos brasileiros limitou-se a redigir resumida súmula no seu célebre dicionário bio-bibliográfico abaixo reproduzida:

“Antonio Ribeiro Campos natural do Tamboril deputado à Constituinte Brasileira como representante de Pernambuco. Fez parte da lista triplice em que concorreu Miguel Calmon du Pin e Almeida, que foi o escolhido apezar dos vicios insanáveis de sua eleição na administração conservadora de Souza Martins. Essa eleição senatorial foi um verdadeiro triumpho para os amigos de Manoel do Nascimento Castro e Silva, o candidato liberal”, nec ultra plus.

Como demostrada, à saciedade, indiscutível que a descendência do deputado Antonio Ribeiro Campos é por demais fulgurante, por demais nobre, sem rival nos anais da região para ser “esquecida” e desprezada pelos historiadores e genealogistas.

Despiciendo memorar que nenhum cronista, historiador ou genealogista cearense perderia esta raríssima oportunidade fins explorar este exato tema, o qual, por demais relevante e inédito. Estes vínculos genealógicos jamais escapariam das rodas intelectuais da época. Nenhum pesquisador deixaria esta brecha fins reclamar com toda propriedade para si a primazia da divulgação de uma obra que constasse o que temos até aqui carreado! 

Não há sequer uma simples menção ao tema, mesmo no notabilíssimo instituto histórico do Ceará, tampouco nas eminências da terra, considerando a densidade cultural e percuciência de um Guilherme Studart, Soares Bulcão, Pedro Thérberge, Joaquim Catunda, João Brígido, Gustavo Barroso, Tomás Pompeu de Sousa Brasil (O senador Pompeu); Raimundo Girão; Vinicius Barros Leal...

Enfim, nenhum dos retrocitados se arriscou a versar sobre o tema. Porventura por demais complexo, abissal e inextricável?

Muitos dos aqui citados foram contemporâneos dos sucessos dos protagonistas da descendência do Dep Antonio Ribeiro Campos e consorte, D. Antonia Batista Campos. Todavia nada memorializaram, pois simplesmente não conseguiram estabelecer as conexões históricas-genealógicas de uma das mais importantes famílias brasileiras dos últimos decúrios do século XVIII e XIX.       

O abalizadíssimo Barão de Studart dá como certo Tamboril no Ceará como o local de nascimento do Dep. Antonio Ribeiro Campos 

Data máxima venia, Ilmo. Sr. Dr. Barão! O Dep. Antonio Ribeiro Campos lá não poderia ter nascido, posto que a atual cidade do Tamboril terra natal do seu chará e um dos maiores heróis brasileiros, o brigadeiro Antonio de Sampaio patrono da arma de infantaria do exército, porventura igualmente nosso ascendente, ainda não existia administrativamente, muito menos eclesiasticamente, tampouco hoje ocuparia área do mapa politico daquela urbe cearense. Todavia, o tiro do Barão passou muito perto, bem perto mesmo, afinal o local exato do nascimento do Antonio Ribeiro Campos demora naquela mesma região dos sertões do Quixeramobim.  

Muito embora tenha o Dep Antonio Ribeiro Campos declarado em dois termos de batismos de suas filhas que era nascido e batizado na freguesia de N.Sa. do Remédios na Paraíba[1] fato é que o Dep  Antonio Ribeiro Campos nasceu na Fazenda Espirito Santo[2] antiga propriedade do seu avô materno o Cap-mor Antonio Domingues Alves adquirida aos 21/04/1777 através de escritura pública de compra e venda ao Sr. Antonio Pereira de Magalhães e esposa, D. Mariana Vieira da Silva, dada passada na comarca de Pombal na Paraíba[3]

[1] A Ribeira do Rio do Peixe circunscreve atualmente vários municípios do extremo O-NO paraibano, pelo que aqui destacamos as cidades de Souza, Cajazeiras e São João do Rio do Peixe.  A região limítrofe entre o Ceará e a Paraíba desde priscas datas era referenciada como Ribeira do Jaguaribe e Ribeira do Rio do Peixe, ipso facto, incorrem em erro aqueles que inferem como hígidas e engessadas as atuais fronteiras de ambos os estados. Poucos conseguem raciocinar que muito das distâncias aquela época não eram tão somente representadas por léguas, braças! Antes por tempo de percurso, ou seja, hora de marcha;

[2] A fazenda Espírito Santo, por sua vez está fincada em dispositivo dos mais remotos, ainda que considerássemos as alternativas de transporte atuais, pois exatamente na extrema dos atuais municípios de Boa Viagem e Monsenhor Tabosa, praticamente no centro geográfico do Ceará. Naqueles idos ambos os municípios estavam circunscritos ao vastíssimo território da recém criada Vila Nova Real do Campo Maior de Santo Antonio de Pádua do Quixeramobim ou simplesmente Ybú como referida pelos nossos autóctones da língua travada;

[3] O acervo documental do cartório de Pombal-PB, nos foi generosamente compartilhado pela nata dos pesquisadores paraibanos, desta feita, os doutores Eliton Medeiros, Luciano Canuto, Hélio Ramos e Teldson Douettes que nos tem concedido elevada estima, consideração e respeito, muito além do nosso verdadeiro valor, visto nossas indisfarçáveis e múltiplas limitações. 

Mais adiante a Fazenda Espirito Santo foi objeto de dote à D. Ana do Nascimento Vidal nascida em 1773 e falecida em 1825 em seu matrimônio com o Cap José Ribeiro Campos. Ana do Nascimento Vidal é filha legítima de D. Agostinha da Silva Carvalho e do Cap Antonio Domingues Alves proprietário daquela fazenda.

Vai aqui mais uma das dezenas de contribuições que temos feito à historiografia daquela região, máxime, os atuais municípios de Quixeramobim e Boa Viagem. 

O Cap Antonio Domingues Alves contradizendo a tradição oral, comumente as diversas e repetidas obras dos memorialistas da genealogia dos Carcarás, igualmente das famosíssimas <Memórias do Prof Ximenes de Aragão>, etc. NÃO residiu na Fazenda do Cavalo Morto (Atual centro urbano de Boa Viagem-CE. e arrabaldes), tampouco na Fazenda Espirito Santo localizada imediatamente na extrema dos municípios cearenses de Monsenhor Tabosa e Boa Viagem, menos ainda, na Fazenda Bico da Arara atual Tamboril-CE., todas os retrocitados imóveis suas propriedades. 

O fundador de Boa Viagem, o Cap Antonio Domingues Alves residia SIM na Fazenda Jantar de Baixo localizada imediatamente a noroeste daquela urbe. 

Conosco a escritura de compra da Fazenda Espírito Santo, localizada nos limites dos municípios cearenses de Boa Viagem e Monsenhor Tabosa e Bico da Arara em Tamboril, todas no Ceará, datada de 21/04/1777 por nós já memorada.

Justiça será destacar a importantíssima figura do Cap José Ribeiro Campos nascido em meses de 1765 na Ribeira do Rio do Peixe na província da Paraíba, filho legitimo de José de Castro e Silva *c.1735 e Ana Maria da Conceição *c.1738.

Tivemos a ventura da precedência da descoberta-informação dos dados genealógicos retro explicitados quando digitalizamos em 2009 o acervo da Diocese de Quixadá-CE, bem anterior à iniciativa dos mórmons (Family Search).   

O Cap José Ribeiro Campos um dos primeiros de sobrenome Ribeiro Campos povoando aqueles ínvios sertões centrais cearenses, outrossim, um dos signatários da ata da ereção do pelourinho, ou seja, o ato administrativo da criação da Vila de Santo Antonio de Pádua do Quixeramobim aos 13 de junho de 1789. Data escolhida a dedo, pois dia de Santo Antonio. Faleceu José Ribeiro Campos aos 24.10.1797 sendo enterrado de grades acima e envolto em hábito branco na Capela de N.Sª. da Boa Viagem.  

À guisa de ilustração replicarei adiante os sucessos do casal Antonio Domingues Alves e Agostinha da Silva Carvalho (A fundação da cidade de Boa Viagem-CE) apud os vários autores e escritores que copiaram as Memórias do Prof Ximenes Aragão, memórias, obras e lendas da historiografia e da genealogia cearenses cujas cujas fábulas a seguir  pulverizaremos uma a uma.     

Das Memórias do Prof Ximenes de Aragão dadas a público no inicio do Século XX pelo cronista João Brígido.


           Monumento no marco zero de Boa Viagem, Ceará (Fonte: Wiki)

“Na primeira metade do Século XVIII, o português Manuel da Rocha Franco, casado com Maria Sanches de Carvalho, seu cunhado Domingos Sanches de Carvalho[a], e as sete filhas do casal: Antônia Franco de Carvalho, Senhorinha de Carvalho, Anacleta Sanches de Carvalho, Eugênia Gonçalves de Carvalho, Agostinha Sanches de Carvalho[b], Lina de Carvalho e Bernardina Sanches de Carvalho emigraram de Portugal com destino ao Brasil.

Fixaram-se em Olinda[c], Pernambuco, onde o cabeça da família começou a explorar uma mina de cal, fabricando formas para olaria, trituramento de pedras calcárias, telhas, tijolos e obras de arte para enfeite de casas.

 Ressalte-se que Maria Sanches de Carvalho, esposa de Manuel da Rocha Franco, era filha de Agostinho de Carvalho e de Ana Gonçalves de Carvalho, os quais, em Pernambuco, constituíram a grande família dos Carvalhos, a que pertenciam muitos judeus portugueses.

 A saída de Portugal da família de Manuel da Rocha Franco deveu-se ao namoro do Alferes Antônio Domingues Alves, português e judeu[d], com sua filha Agostinha Sanches de Carvalho.

Certo dia, porém, amanheceu no porto de Recife uma embarcação lusa, trazendo a bordo o alferes Antônio Domingues Alves, que não esquecera sua amada.

A família Manuel da Rocha Franco tratou de liquidar seus negócios em Olinda e partiu para o Ceará, fugindo pela segunda vez do judeu[e], que pretendia fazer parte de sua família.

Depois de uma viagem penosa, sofrida, andando por trilhas feitas pelos animais bravios, deparou-se a família com uma bela chapada, onde surgia uma vila, denominada Icó, ainda com poucos moradores.

Manuel da Rocha Franco e sua família voltaram-se então para a criação de gado vacum e para o plantio de cereais, entusiasmados pela beleza da promissora região.

 A família enriqueceu, casou as filhas e influenciem outras famílias da região.

Tudo indicava que o alferes Antônio Domingues Alves esquecera a bela Agostinha, permitindo que a família Franco-Carvalho vivesse em paz com Deus e sua religião.

O judeu-português Alferes Antônio Domingues Alves, não esqueceu sua amada, Agostinha Sanches de Carvalho, filha do casal Manuel da Rocha Franco e Maria Sanches de Carvalho, que, por instâncias de D. Maria, Rainha de Portugal, reuniu condições financeiras para emigrar para o Brasil.

Com a vida comercial estabilizada, o casal foi surpreendido em Pernambuco com a chegada do alferes e, novamente, insistindo para casar com Agostinha, depois de negar a mão de sua filha, o casal rumou para o Ceará, onde na Vila do Icó organizou sua vida comercial e familiar.

Certo dia, Agostinha ordenou à sua negrinha de companhia que fosse ao mato apanhar alguns espinhos de mandacaru, objetivando facilitar o trabalho manual de coser rendas em sua almofada.

Perto da casa, a negrinha avistou o alferes Antônio Domingues, que suplicando reserva lhe pediu entregasse a Agostinha um bilhete, pois à noite aguardaria resposta naquele mesmo local.

Como os dois se amavam e protegida pela escuridão e a benção de Deus, Agostinha e a mucama, à noite, foram ao encontro do Alferes, sem perda de tempo, montaram num fogoso cavalo; Agostinha na garupa do animal; a negrinha na lua da cela e na cela o alferes, fugindo para o imprevisível.

Imbuídos das melhores intenções partiram Agostinha e o alferes rumo à Vila de Mocha, hoje Oeiras, no Piauí, onde se realizava desobriga com intuito de casarem-se. Todavia, por falta de documentos apropriados, o ato não pôde ser celebrado.

Viajaram, então, para a Vila de Quixeramobim. Ao chegarem à Lagoa do <Cavalo Morto>, perto da fazenda Domingos da Costa, pressentiram a presença de pessoas armadas em seus encalços, dai o cavalo que os conduzia morreu na lagoa.

Agostinha, de joelhos, prometeu que se escapassem com vidas, mandaria construir uma capela para Nossa Senhora de Boa-Viagem.

Como que por encanto a perseguição cessou.

O alferes, então, viajou para Recife em busca de documentos para o casamento, deixando Agostinha e a negrinha numa casinha de construção tosca.

Certa noite, Agostinha ouvindo uma pancada na porta, ordenou que sua acompanhante fosse examinar o que ocorria. Infelizmente era uma onça, que devorou a mucama.

O alferes construiu a capela e conseguiu uma sesmaria, que tomou o nome de <Lagoa do Cavalo Morto>, os noivos casaram; fizeram as pazes com a família; prosperaram financeiramente e, em 1772, doaram terra para a igreja, que construíram. Seus descendentes se espalharam, principalmente, pelos municípios de Boa-Viagem e Quixeramobim.

A <Lagoa do Cavalo Morto> deu origem à cidade de Boa Viagem, no Ceará, fundada sob as bênçãos de Nossa Senhora de Boa Viagem é originária, portanto de uma encantadora história de amor”

[a] Domingos Sanches de Carvalho nascido em meses de 1674 no lugar Arosa, na antiquíssima freguesia de São João Batista de Cavez, Cabeceiras de Basto, Acebispado de Braga, Portugal era primo carnal de Maria Sanches de Carvalho, esposa do Manoel da Rocha Franco filho legitimo de Manoel de Maria e Maria Rodrigues, nascido c.1670 no lugar Igreja, naquela mesmíssima freguesia de São João Batista de Cavez. 

Domingos Sanches de Carvalho era filho legítimo de Sebastião Sanches de Carvalho e Senhorinha Gonçalves, neto pela parte paterna de Agostinho Sanches e Sabina Gonçalves e, pela materna, de Antonio Manoel e Maria Gonçalves, os mesmos avós paternos e maternos de Maria Sanches de Carvalho casada com Manoel da Rocha Franco. Este casal pais da pivô e protagonista da lendária sanha da narrativa-memorial retro transcrita: D. Agostinha da Silva Carvalho que foi  casada com o Cap Antonio Domingues Alves, filho legitimo de Domingos Sanches de Carvalho (primo carnal da mãe da esposa Agostinha da Silva Carvalho) e Joana da Silva Carvalho.  

Maria Sanches de Carvalho, por sua vez é filha legítima de Agostinho Sanches de Carvalho, (irmão do pai do Domingos Sanches de Carvalho já mencionado) e Ana Gonçalves de Carvalho (irmã da mãe do mesmo Domingos Sanches de Carvalho).

Portanto, o Cap Antonio Domingues Alves e Agostinha da Silva Carvalho eram primos em primeiríssimo grau, praticamente irmãos!

[b] Em todos os assentos eclesiásticos e demais documentos cartoriais por nós até aqui compulsados invariavelmente se vê grafado: Agostinha DA SILVA Carvalho. Não há sequer um com Sanches. 

[c] Poderiam até ter residido em brevíssimo período em Olinda, todavia se fixaram mesmo em Itamaracá. Já em 1717-1720 Domingos Sanches de Carvalho que entrara no Brasil por Salvador-BA, e já estivera no Piauí (Oeiras e Marvão) com os da Casa da Torre arrendou o Engenho Araripe de Baixo em Itamaracá. Na mesma Itamaracá e comumente contemporâneos damos notícia do Cap da Cia de Ordenanças, Bento Franco da Rocha e na Ribeira do Acaraú, Ceará seu Capitão-Mor, Pedro da Rocha Franco falecido em 1754.

[d] O Cap Antonio Domingues Alves não teria nascido em Portugal como insistiram unanimemente os autores que versaram sobre este tema, porquanto na HSO feita em 1722 do seu pai, Domingos Sanches de Carvalho o mesmo declara-se solteiro. Ainda não casara-se com D. Joana Carvalho. O Santo Ofício deixou passar, mas nós aqui não, pois superando o fortíssimo escrutínio da HSO foi que conseguimos plotar um filho natural de Domingos Sanches de Carvalho com Senhorinha de Almeida quando ainda em Portugal de nome Antonio Sanches de Carvalho que se casou na freguesia de São João Batista de Cavez, Arosa, Braga, Portugal em meses de 1717 com Catarina Antunes. (Quem encontrou os assentos de batismo e matrimonio deste filho natural de Domingos Sanches de Carvalho foi nosso colega e denodado pesquisador, o Sr. Paulo Chardem no Rio de Janeiro).

[e] Fosse o Cap Antonio Domingues Alves judeu como quer o Prof Ximenes de Aragão, comumente os diversos autores que até aqui versaram sobre este exato tema ao copiar suas memórias e dar azo ao impossível, lógico admitir que o mesmo Cap Antonio Domingues Alves seria confortavelmente acolhido na família dos seus tios, pois duplamente sobrinho dos sogros. Raimundo Girão vai mais além e afirma em uma das suas mais destacadas obras, <A Marcha do Povoamento do Jaguaribe> que o Cap Antonio Domingues Alves era judeu, e judeu húngaro!! (sic). 

- Sempre nossos pesquisadores com uma estória mirabolante, decorando pavões para "explicar" algo tão simplório e descomplicado.  

Por demais minguado meu tempo para escrever neste nosso humílimo bloguezinho, dessarte é que continuarei a presente postagem em breve (sDq), apresentando mais dados históricos e genealógicos sobre a ascendência do Antonio Ribeiro Campos, componente dos mais célebres da nossa família   

 

Finis coronat opvs


Em memória dos nossos avoengos do costado paterno: Manoel Messias Ribeiro Campos, Francisco de Paula Ribeiro Campos, Lúcio Ribeiro Campos e Inácio Ribeiro Campos. 

 

130715ZMai22Sex  Brasilia-DF

 

Clovis Messias Ferreira da Cruz Ribeiro Campos


Fontes: Livros eclesiásticos, Arquivos T. Tombo e meu HD biológico.