Non scholæ sed vitæ discimus

terça-feira, 5 de maio de 2020

Para a história da Missão do Miranda
  
                                    

                      A Cidade do Crato  






Ao Cariri Novo terra dos meus avoengos, os Bezerra de Menezes, Lobo, Monteiro, Macedo...


Caetana Perpétua do Nascimento Bezerra de Menezes irmã do ultraconhecido Brigadeiro Leandro Bezerra Monteiro é minha sexta-avó paterna. 

Comumente meus ascendentes diretos os da Estirpe de Santa Teresa (apud o inigualável historiador Joaryvar Lobo de Macedo).



A Missão do Miranda ou a Cidade de Frei Carlos de Ferrara como assim queria o notável historiador o Revdmo. Padre Gomes.


 Enfim, a Cidade do CRATO.


Mas quem porventura seria este Miranda?


O Gil de Miranda, mui provavelmente ad-hoc, da Casa da Torre nos sertões do Jaguaribe como assim era chamado toda a hinterlandia cearense.


Após compulsar diversas obras sobre o povoamento do Ceará, outrossim, avistar-me com os detalhes da sua geografia, máxime a potamografia foi que sempre discordei das assertivas do ilustrado pesquisador Antonio Bezerra (Algumas Origens do Ceara) quanto à cronologia do nosso povoamento.


Preferi arriscar-me na perigosíssima trilha: João Brígido-Pedro Théberge.


É que os fatos e respectivas cronologias depõem a favor destes últimos, senão vejamos:


- Aos 19/11/1614 foi comunicada via terrestre desde a atual cidade de São Luís-MA até Olinda-PE a derrota do “general bucaneiro”, o francês Daniel de la Touche com o pomposo título de Senhor de La Ravardière (Pasmem os leitores, que La Ravardière é o nome do edifício da Prefeitura de São Luís-MA, como se não bastassem os logradouros crismados com o nome da família Sarney)  na batalha de Guaxinduba vencidos pelas heroicas forças de Diogo de Campos Moreno, Jerônimo de Albuquerque, Manoel Mascarenhas Homem  e demais patriotas.


Era conhecido o caminho desde o extremo norte maranhense até o extremo oriental do nordeste brasileiro!


Quase 2.000 quilômetros em linha reta atravessando necessariamente os atuais estados do Maranhão, Piauí, Ceará, Paraíba e Pernambuco -Possivelmente o Rio Grande do Norte- (Apud Jornada do Maranhão por ordem de Sua Majestade feita o ano de 1614, pelo próprio Diogo de Campos Moreno).


E foi assim que da querela entre ambos sobre quando o Ceará recebeu a maior parcela do seu influxo imigratório é que topamos com o elo fixador do povoamento, ou seja, a prole de um sesmeiro fixando-se no mesmo lugar da sesmaria recebida.


Voltemos para o Sr. Gil de Miranda...


Data de sesmaria concedida no Rio Ybu (Quixeramobim) aos 15/02/1710 pelo Cap Mor Gabriel da Silva Lago, sendo escrivão ao seu cargo Gonçalo de Matos Taveira que informou que as terras solicitadas pelos suplicantes, Antonio Fernandes do Couto Quaresma, Francisco Denis da Penha e Gil de Miranda, não haviam sido doadas, portanto poderiam ser doadas.


A sesmaria requerida possuía três léguas de comprimento por uma légua de largura para cada um dos suplicantes, sendo desta uma légua de largura meia para cada lado do rio Quixeramobim, começando nas confrontações com as terras dos últimos providos.


Para alegria dos historiadores descortinamos a origem e alguns nomes da família do até então solitário e obscuro Gil de Miranda, o pioneiro (fundador) do Crato.


Gil de Miranda foi casado com Ana Martins, ambos naturais do Piauí. O casal foi pai de Caetano da Rocha Lima natural da Freguesia de São Bernardo de Russas casado com Francisca Xavier Martins, natural do Piauí (mui provavelmente parente próximo da Sra. Ana Martins esposa do Gil de Miranda). Francisca Xavier Martins é filha do baiano Manoel Martins (Desconhecemos a mãe da Francisca Xavier Martins).  


Deste casal encontramos uma netinha do Gil de Miranda de nome Cirila sendo batizada na Igreja de Santo Antônio do Quixeramobim no dia de Natal do já distante ano de 1769.


Reproduzimos o termo, verbum pro verbo:


“Sirila de idade de um mes, e nove dias filha de Caetano da Roxa natural das Rusas, e de sua molher Francisca Xavier Martins natural do Piaui, moradores desta Freguesia do Quixeramobim neta pela parte paterna de Gil de Miranda, e sua molher Ana Martins natural do Piauí, e pela materna de Manûel Martins natural da Baia ignorasse a Avó materna, foi por mim batizada nesta Matris de Santo Antonio em Quixeramobim aos vinte e cinco de Dezembro do ano de mil setecentos e sessenta e nove, dia em que fis esse asento, e asinei. Foi padrinho Antonio Fernandes ileg.  Ileg.  Manuel Rodrigues Cura”    


E assim estes descendentes do antes desconhecido Gil de Miranda o qual para tristeza dos “genealogistas” caçadores de cristãos-novos povoaram aquelas plagas deixando vasta descendência no coração do Ceará.


Finis coronat opvs  


Águas de Lindóia-SP. aos  V-V-MMXX  AD


Clovis Ferreira da Cruz Ribeiro Campos Lobo