Non scholæ sed vitæ discimus

terça-feira, 10 de agosto de 2021

MAIS INÉDITOS PARA HISTÓRIA DO BRASIL e do CEARÁ


DECODIFICAÇÃO DA CIFRAGEM MILITAR DOS TELEGRAMAS DO ARQUIVO DO PADRE CÍCERO



                                    

                             Dudú o Urucubaca 

           O maior reponsável pela "calamitosa" 

                     Seca do Quinze no Ceará


Considerações sobre a presente postagem. 

 

Descoberta com desdobramento e repercussão na história política e religiosa do Brasil e do Ceará.  

Assunto de magna relevância nunca antes explorado sobre o tema Padre Cícero, Juazeiro, Sedição, República Velha os quais muito excedem as fronteiras nacionais. 

Ocuparam-se do assunto pesquisadores e autores da envergadura de Rodolfo Teófilo, Irineu Pinheiro, Ralph de La Cava da Florida State University; Manoel Bergson Lourenço Filho; Otacílio Anselmo; Lira Neto...

Até mesmo o próprio Vaticano vem se empenhando diuturnamente no escrutínio da questão religiosa do Pe. Cícero-Juazeiro, a qual continua fascinando gerações.  

As informações em tela dispendidas compelem os pesquisadores a reexaminar e refazer escrupulosa e grave reflexão sobre os tópicos aqui  abordados em justaposição com aquilo que se transformou com o tempo em paradigma e foro de verdade.    

Documentos probatórios, fontes primárias que impelem uma diálise de inúmeras obras já publicadas, mas desfalcadas das informações trazidas a lúmen nesta nossa postagem. 

Descobertas sem precedentes sobre os personagens: Padre Cícero Romão Batista; O caudilho médico e general baiano Floro Bartolomeu, para muitos o alter-ego do Pe Cícero; O Presidente da república Marechal Hermes Rodrigues da Fonseca; O Senador gaúcho José Gomes Pinheiro Machado, líder do Partido Republicano Conservador na república velha; O Ten Cel Eng Marcos Franco Rabelo presidente do Ceará e sua queda do poder no meio do mandato; A Sedição do Juazeiro, seu contexto e especificidades únicas na história brasileira. 

O porquê da repercussão e da virulência da Seca do Quinze que imortalizou a (Imortal) Raquel de Queiroz a primeira dama à adentrar a A.B.L...

Até mesmo aqueles com grave mutilação moral que somente conseguem aparecer diminuindo a reputação alheia terão que se debruçar no que aqui se deslinda, caso queiram discorrer com segurança sobre os personagens arrolados nas presentes fontes primárias decodificadas e reveladas. 

Despiciendo será constatar que o pesquisador responsável e vinculado com a apresentação escorreita da história bem há de mensurar a importância do assunto por nós escancarado.  


Decodificação dos Telegramas Cifrados do Arquivo Secreto do Padre Cícero.

        

         Decorrida mais de uma década que nos foi confiada pelo setor histórico da Diocese do Crato a honrosa e complexa missão de decodificar os telegramas que estavam cifrados de acordo com os padrões militares em vigor da época da sedição do Juazeiro (1913-1914), bem como na época pelos aliados da Tríplice Entente em boa parcela da Primeira Grande Guerra Mundial, fazemos publicar para gáudio dos pesquisadores os retromencionados telegramas de forma inédita, os quais demoravam no Arquivo do Padre Cicero Romão Batista sob guarda dos regulares de São Dom Bosco, os irmãos Salesianos no Juazeiro do Norte-CE. 


Frustrantes as tentativas em decodificá-los, pois que recorridos aos setores pertinentes das instituições, e.g.: Arquivos históricos, Segundas-seções, e.g.: E/2,  S/2 nos retornado in albis.


Os telegramas cifrados em tela muito contribuem para o deslinde da história do Brasil desanuviando e dando nomes “aos bois” absolvendo ou condenando os próceres do movimento sedicioso que apeou do poder o Ten Cel Marcos Franco Rabelo, presidente do Estado do Ceará eleito para o quadriênio 1912-1916. 


Na oposição a Franco Rabelo os intendentes municipais (prefeitos) da região sul-cearense, máxime seu líder o ex-prefeito da capital do Cariri cearense, o Crato, Cel Antonio Luis Alves Pequeno e demais caudatários, Coroneis e régulos das urbes circunvizinhas que perderam o poder após a queda da dinastia mais longeva, despótica, monocrática e monolítica que já imolou o Ceará; A do Babaquara, o comendador Antonio Pinto Nogueira Acioly. 


A retromencionada dinastia só conseguiu ser superada em hediondez pela perronha da atual oligarquia dos Sobas do Sobral! O maior flagelo que já se abateu sobre o Ceará. Nem as mil secas com seus cortejos de desgraças, e.g.: Fome, prostituição, orfandade, varíola, tifo, homicídio, insegurança pública são capazes de rivalizá-la.   

 

A Sedição do Juazeiro em apertadíssima síntese

(*) Foge totalmente do escopo desta publicação historiografar toda a Sedição do Juazeiro 


Revolução sui-generis no Brasil, pois sucedida desde uma cidade localizada no extremo mais longínquo do interior de um Estado até sua capital politica administrativa ocorrido em 1914 entre o governo do Estado do Ceará e as oligarquias caídas do interior, envolvendo o Padre Cícero Romão Batista, Floro Bartolomeu da Costa, comumente a cloaca da politicalha provinciana cearense, i.e.:  Senador, deputados federais e estaduais, prefeitos, au-pair com a imprensa venal sempre abastecida e subsidiada com o dinheiro público. 


Memora-se e destaca-se por justiça o Jacques Héber cearense, o Cel João Brígido dos Santos e seu tablóide O Unitário, verdadeiro Père Duchesne caprichosamente análogo a um certo jornal da TV aberta com seus papagaios de teleprontos que se ocupam diuturnamente em tentar desmoralizar o atual governo federal diante de uma plateia de iliteratos e alienados.   

 

A cúpula do desgoverno federal desta malsinada  ré-pública sob a égide das “ínclitas” figuras do Marechal Hermes da Fonseca –aka- Dudú o Urucubaca; o General e Senador gaúcho José Gomes Pinheiro Machado, o General Vespasiano de Albuquerque então Ministro da Guerra,  o Senador Francisco Sá e os deputados Virgílio Brígido (sobrinho do infame Cel João Brígido) e o Gen Tomas Cavalcante de Albuquerque dentre outras nulidades intelectuais, cada qual com sua cupidez, são os responsáveis diretos pelas agruras da "Seca" do Quinze, não pelo climatério daquele ano, mas pela miséria com que ficou o Ceará após cinco meses de roubo, saque, pândega e degradação como veremos adiante.      


Desde o final do século XIX, o Juazeiro, despontava como uma cidade sagrada para onde se dirigiam milhares de fiéis em busca de melhores condições de vida e do conselho do Padre Cícero. Para lá confluíam pessoas das mais diversas classes e com interesses diferenciados: comerciantes, bandidos, desabrigados e miseráveis assolados pela fome e pela violência. Este imigrantes era provenientes em sua maioria do Nordeste com destaque para Alagoas, Pernambuco, Paraíba e Rio Grande do Norte, nesta sequencia.  A todos, o Pe. Cícero abrigava, dava conselhos e, muitas vezes, garantia lar e comida. Ao trabalho na lavoura também eram encaminhados muitos fiéis, embora com mão de obra subvalorizada.


O crescimento populacional e comercial de Juazeiro fez com que o então distrito do Crato reivindicasse sua autonomia política. As negociações para uma separação pacífica não foram bem-sucedidas e o tema dividiu os coronéis dos municípios vizinhos. No entanto, articulações políticas de Floro Bartolomeu, médico baiano, aventureiro que se instalou na região conquistou a confiança do Padre Cícero, conferiu a Juazeiro o reconhecimento político almejado. Em outubro de 1911, o Pe Cicero e Floro Bartolomeu conseguiram articular uma aliança entre os políticos do vale do Cariri, o chamado Pacto dos Coronéis. Entre as cláusulas constava: a) a decisão dos integrantes de não apoiar deposições na região; b) o desejo de fortalecer laços pessoais e políticos entre os participantes; e c) manter a lealdade incondicional a segunda dinastia mais despótica, monocrática e monolítica que já desgovernou e se locupletou do E$tado cearense, neste evento a do Comendador Antônio Nogueira Acioly, presidente do estado e líder do clã que dominava a política no Ceará desde o final do século XIX. Dinastia superada apenas pela oligarquia atual que tem esbulhado o Ceará há mais de um quarto de século.


De dezembro de 1911 a janeiro de 1912 houve intensa campanha contrária aos planos de Acióli manter-se na liderança da política cearense. O movimento que levou mais de 20 mil pessoas às ruas de Fortaleza contou com a adesão de comerciantes da capital do Ceará, de profissionais liberais, comumente da guarnição militar da Fortaleza.. O Babaquara não se fez de rogado e reagiu violentamente, ato continuo colocou sua segurança privada a oficialidade e os graduados da força estadual contra os manifestantes. 


A pressão popular era medonha e aos 24 de janeiro de 1912, o oligarca abandonou o governo e exiliou-se na capital da república onde de lá fez o que pode para juntar-se  aos conspiradores sob a liderança do Sen-Gen Pinheiro Machado, todavia o Babaquara já servira aos interesses políticos da súcia que despoticamente desgovernava o Brasil, Nogueira Acioly tornara-se descartável. 


O fato beneficiou o candidato da oposição ao desgoverno do Babaquara, o Ten Cel Marcos Franco Rabelo. Em sintonia com a política das salvações capitaneada pelo Gen Dantas Barreto, mais uma oligarquia era derrubada no Nordeste, a exemplo do que ocorrera com Rosa e Silva em Pernambuco em 1911.


A eleição do Ten Cel Eng Marcos Franco Rabelo, cearense, lente da Escola Militar da Praia Vermelha berço do positivismo no Brasil disseminado pelo Cel Benjamin Constant, -fanático adorador de Auguste Comte-, para presidente do Ceará em meados do ano de 1912 fez ruir as bases do Pacto dos Coronéis de 1911 firmado no Cariri. Ciente dos laços que ligavam os coronéis da região ao antigo líder da oligarquia Acioly, Rabelo iniciou uma campanha de desestabilização da política oposicionista no Ceará. Com o pretexto de acabar com o banditismo representado pelo fenômeno do cangaceirismo no Nordeste, enviou para o Crato 280 homens da Polícia Estadual.


Seguindo ordens do presidente eleito, a policia estadual estacionada no Crato prendeu alguns jagunços acusados de banditismo, todos ligados a coronéis de oposição. Além disso, Franco Rabelo entrou em confronto direto com Padre Cícero ao destituir homens de sua confiança de cargos públicos e acusá-lo de abrigar bandidos em Juazeiro.


Para piorar a relação de Rabelo com o Padre Cícero, uma viagem feita por Floro Bartolomeu ao Rio de Janeiro (agosto de 1913) para se encontrar com Antônio Nogueira Acioly e com o senador e presidente da república de fato, o Senador gaúcho líder do Partido Republicano Conservador, o General Pinheiro Machado pois o presidente de direito o Marechal Hermes Rodrigues da Fonseca estava ocupado em sua lua de mel com a belíssima jovem Nair de Teffé, 31 anos mais jovem.


O encontro de Floro com a cúpula do governo federal foi pressentida como sinal de uma conspiração contra seu governo sob as bênçãos de Padre Cícero. Diante disso, Rabelo não hesitou em intensificar as ações contra Juazeiro. De fato, ao retornar a Juazeiro em novembro de 1913, Bartolomeu tinha um plano com o aval do presidente da república e o ministro da guerra, o Gen Vespasiano de Albuquerque para destituir o Ten Cel Franco Rabelo.


O vale do Cariri, no Ceará, sempre fora pródigo em garantir os votos necessários à manutenção da política dos governadores adotada pelo governo do presidente Hermes da Fonseca (1910-1914).

 


As refregas


No dia 12 dezembro de 1913 reuniu-se em Juazeiro uma assembleia dissidente composta por deputados oposicionistas, e declarou-se a ilegalidade do governo de Franco Rabelo. Nomeou-se nessa ocasião um governo paralelo, tendo Floro Bartolomeu como presidente provisório.


A resposta de Rabelo foi incontinenti. Aos 15 de dezembro daquele mesmo ano, as tropas estaduais estacionadas no Crato, sob o comando do delegado de polícia e comandante da 4ª Cia do 2º Btl da Força Estadual, - o sempre embriagado Cap PM Ladislau Lourenço de Sousa, mais tarde já no começo de janeiro de 1914 promovido a major (sic) -  deram início às operações de cerco ao Juazeiro. No dia 20, Juazeiro estava parcialmente circundada sob o comando do 1º Ten Inf Alípio Lopes da Silva Barros comissionado por Rabelo como Coronel da força estadual com pouco mais ou menos 250 homens que se deslocara desde Fortaleza via estrada de ferro até o termino dos trilhos no Iguatú e de lá em marcha a pé, e pouquíssimos a cavalo até o Crato distante 135 Km. 


Embora as investidas oficiais tenham provocado muita tensão em Juazeiro, a resistência dos fiéis do Padre Cícero, aliada ao contra-ataque dos cangaceiros reunidos por Floro Bartolomeu conseguiu vencer as forças estaduais. Juazeiro não era um simples motim fácil de debelar como pensava o “estrategista” Ten Alipio Lopes da Silva Barros.


Parcialmente cercada por tropas do governo estadual, Juazeiro enfrentou a fome e a falta de munição. Apesar das dificuldades, os milicianos que entoavam cânticos em louvor ao Padre Cícero e N.Sª. das Dores conseguiram resistir e contra-atacar.


Graças a esta ofensiva, na manhã do dia 25 de janeiro de 1914 o Crato capitula diante dos cangaceiros e bandidos de variados matizes que engrossavam as fileiras da Meca caririense. Memorando o erudito Gustavo Barroso estes cangaceiros foram arregimentados em um dos maiores celeiros produtores de bandidos, a região do Pajeú no Pernambuco. "Homens de feições simiescas subprodutos dos mais baixos coitos do caldeamento caboclo" G.B. 


A turba armada do Juazeiro era comandada pelo alter-ego do Pe. Cícero Romão Batista, o general e médico baiano Floro Bartolomeu e seu Estado Maior composto pelos Coronéis Antônio Luís Alves Pequeno do Crato, Pedro Silvino de Alencar, chefe politico de Araripe-CE. e do deputado estadual Dr. Jose de Borba Vasconcelos, nascido na Cidade da Paraíba.


Seguiu-se a tomada de Barbalha e municípios circunvizinhos. As cidades e seus comércios foram pilhadas a ferro e fogo. Não bastava saquear era preciso arrassar; Extravassar as taras avoengas.   


Como comprovado a iniciativa privada no Brasil sempre pagou a conta dos três poderes e dos estratosféricos salários dos empregos dos seus respectivos barnabés.


Em marcha a pé e via estrada de ferro, os sediciosos de Juazeiro, tal como eram denominados, ocuparam Iguatú (Terminal da Estrada de Ferro) e travaram combate em Miguel Calmon (Atual Ibicuã, distrito do município de Piquet Carneiro, última resistência armada do governo estadual), depois passaram os “romeiros” para Senador Pompeu, Quixeramobim, Quixadá, Baturité, Acarape-Redenção até marcharem sobre os arrabaldes da Fortaleza aos 15/16 de março de 1914.


Os romeiros-jagunços transformaram o Ceará em campo ubi troia, dai o porquê das funestas consequências da calamidade da “Grande Seca" do Quinze explorada, à farta pela romancista Raquel de Queiroz em sua masterpiece que lhe promoveu nacionalmente, não obstante ter sido o ano de 1914 de copioso inverno em todo o Ceará.  


O General Senador Pinheiro Machado fazendo as vezes de presidente da república desde o matrimonio do Dudú fez seguir para a capital cearense tropa federal para apoiar os revoltosos. Foi decretado o estado de sítio no Ceará, e o pusilânime Coronel Fernando Setembrino de Carvalho nomeado interventor no estado. Fora Setembrino um mísero lacaio do seu amo e senhor, o Gen-Sen Pinheiro Machado.


Após atender os interesses políticos do seu mestre Setembrino recebeu ainda em Fortaleza sua promoção ao generalato. Depois deste seu “denodado, bravo e heroico” feito militar no Ceará seguiu para a Região do Contestado (Paraná-Santa Catarina) para que do dispositivo mais distante possível do front comandasse suas tropas.


Deixa Franco Rabelo o governo estadual para o qual foi legitimamente eleito seguindo para o Rio de Janeiro no dia 24 de março de 1914. Por ironia do destino o mesmo dia do 70º aniversario do seu maior rival, o Padre Cicero Romão Batista. Estava assim consumado mais um crime político republicano. 


Os Telegramas Cifrados apud codificação militar de 1914


Os telegramas  abaixo codificados há mais de 107 anos e os pouquíssimos que puderam lê-los já não mais habitam o planeta. 


CIFRADO 01 - BR CEDHDPG_401_601 Livro 2 GFA 3 – Págs 23 e 24



"DESTINATÁRIO:  Soma Rio.


REMETENTE: Floro.


DATA: 26-12-1913


Recebi telegrama falencia continua mesmo estado povo pronto repelir covardes inimigos mesma bravura dia 20 corrente que sustentamos 15 horas fogo. Inimigos recuaram deixando 25 mortos, muitos feridos afora que levaram para Crato. Debandada foi enorme. Perdemos duas pessoas que foram atingidas passagem ruas. Soldados cangaceiros já estão desertanto alegando ser inútil invasão Juazeiro. Reina desanimo completo adversários. Importador decretou falencia desde dia 14. Foi dado Souza mauser cartuchame."   

 

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CIFRADO 02 - BR CEDHDPG_401_601 Livro 2 GFA 3 – Pág 28



“Urgente


DESTINATÁRIO: Junqueira Lima. Souza Paraíba


REMETENTES: Floro, Silvino, Aço e Cobre


DATA: 29-12-1913


Enviamos pedido número urgente ontem.  Precisamos também espoletas, balas, cartuchames.”  


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CIFRADO 03 - BR CEDHDPG_401_601 Livro 2 GFA 3 – Págs 30 e 31



 "Urgente


DESTINATÁRIOS: Deputados Tomas Cavalcante, Virgílio Brígido e Senador Francisco Sá. Pensão Caxias, Largo do Machado. Rio de Janeiro.


REMETENTE: Floro Bartolomeu da Costa.


DATA: 30-12-1913


Ciente telegrama. Peço insistentemente dia 1º vendedor dê providencias. Pedi, pois assim talvez evite novo ataque. Munição mauser não foi retomada italiano conforme avisaram, ficando inimigo reforçado para novo ataque. Atendam, pois estamos sozinhos nesta questão apesar ser de todos partido. Amigos muito prometiam nada fizeram esperando quem gaste. Portanto avaliem em que altura vai defesa mantendo alimentação, vestuários, armamento, munição mais gastos melhores pessoas. Francês dispõe ainda dos cofres públicos para que afrontar despesas. Levem em muita consideração estas minhas ponderações providenciem urgentemente para salvarmos causa sem prejuízo vida quem não são culpados, mais ainda para não tornar antipática nossa questão com morticínio que já não é pequeno. Peço também conseguirem nossos telegramas oficiais, pois já gastos mais de dois contos este mês.  Espero solução, oriente conforme peço. Numeração começa sempre em cada palavra cifrada. Saudações. Floro." 


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CIFRADO 04 - BR CEDHDPG_401_601 Livro 2 GFA 3 – Pág 31



"Urgente


DESTINATÁRIO: Senador Francisco Sá. Pensão Caxias Largo do Machado. Rio de Janeiro


REMETENTE: Floro Bartolomeu da Costa


DATA: 30-12-1913


Insisto que de hoje para amanhã seja chamado seu corpo exército tenente Alípio bem como retomada munição fornecida edital e que forte assuma comando lança. Porventura querem nos sacrificar primeiro para tomarem providências? Confio vosso leal esforço urgente providência, que verá morte adversários. Situação é grave. Em cada palavra cifrada principia numeração. Floro."  


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CIFRADO 05 - BR CEDHDPG_401_601 Livro 2 GFA 3 – Págs 47 e 48



"Urgente

DESTINATÁRIOS: Senador Sá. Deputados Thomas Cavalcante, Virgílio Brígido, Pensão Caxias Largo do Machado. Rio de Janeiro.


REMETENTE: Floro Bartolomeu da Costa.


 DATA: 12-01-1914


Adversários apesar anunciarem segundo ataque ainda não vieram. Esta demora muito prejudicando pela dificuldade de mantimentos para trinta mil almas. Ainda espero providências prometidas depois encerramento congresso. Não compreendo auxílio vendedor sem dar providências pedidas. Amigos devem compreender que esta questão (questão) é séria e não é com palavras que se triunfa. Estamos sozinhos no campo de ação, pois amigos municípios e capital estão agindo somente meio telegrama. Neste momento preciso ação e não de palavras que não dão resultado. Portanto providenciem urgentemente. O que prometi fazer estou cumprindo e com sacrifício resta amigos também cumprirem. Respondam. Saudações. Floro."   


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CIFRADO 06 - BR CEDHDPG_401_601 Livro 2 GFA 3 – Pág 61

 



"DESTINATÁRIOS: Senador Francisco Sá. Deputados Thomas Cavalcante, Virgílio Brígido, Pensão Caxias Largo do Machado. Rio de Janeiro.


 REMETENTE: Floro Bartolomeu da Costa.


 DATA: 21-01-1914


Tenente Armando acabou por convencer-se inutilidade esforços Francês sustentar-se caixa. Deu entender ser preciso partir Italiano retirada tendo visto como ele não pode solicitar atual momento de falência assim facilmente conseguiram inúmeros telegramas apócrifos aqui recebidos. Unitário informará ocorrência. Saudações Floro." 


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CIFRADO 07 - BR CEDHDPG_401_601 Livro 2 GFA 3 – Pág 78



"Urgente

DESTINATÁRIO: Souza


REMETENTE: Suiço


DATA: 14-02-1914


Vejam se podem conseguir franquia  telegráfica, pois  nossa despesa correspondência  é  enorme e até agora ainda não recebemos ajuda. Responda. Saudações. Suiço."   

 

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Há ainda um oitavo telegrama que sobremaneira enterra, ad aeternum, a reputação do Dr. General Floro Bartolomeu da Costa. O telegrama em comento será publicado na proxima postagem nossa, SDQ.


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Codinomes desvendados: 


Aço = José de Borba Vasconcelos, deputado estadual a época da Sedição do Juazeiro. Junto com o Cel Pedro Silvino de Alencar um dos comandantes da vanguarda dos combatentes do Juazeiro. Rumou até Fortaleza com a tropa.  Cel Antonio Luis Alves Pequeno, intendente deposto do Crato.

Cobre =  O Revdmo Pe Cícero Romão Batista, assim cognominado pela sua propriedade no Município de Aurora consignando uma grande mina de Cobre. a do Coxá. Esta mina o principal móvel da chegada do médico baiano e depois General Floro Bartolomeu da Costa e seu companheiro de aventuras, o Conde Adolphe Van den Brule ao Juazeiro. 

Francês Ten Cel Marcos Franco Rabelo, Presidente do Estado do Ceará

Importador = General Torres Homem, Cmt da Inspetoria Militar do Recife

Italiano 1º Ten EB Alípio Lopes da Silva Barros, comissionado como Coronel Comandante da Força Militar Estadual que fora dar combate aos insurretos do Juazeiro.

Padeiro: Emílio Sá fervoroso Rabelista líder da Associação Comercial de Fortaleza-CE. 

Silvino = Cel Pedro Silvino de Alencar um dos comandates das duas colunas de vanguarda que rumou até Fortaleza quando da deposição do Presidente Marcos Franco Rabelo.

Soma = A camarilha conspiradora composta pelo Senador Francisco Sá, Deputados Gen Tomás Cavalcante de Albuquerque e Virgílo Brigido (Sobrinho do Cel João Brígido) convenientemente hospedados na Pensão Caixas defronte ao Palácio do Catete.

Souza = Sr. Junqueira Lima, Grande comerciante na Cidade de Souza, Paraíba. Principal aprovisionador de armamento, munição e petrechos bélicos ao elemento inssurreto do Juazeiro.

Suíço = Médico e Gen Floro Bartolomeu da Costa Plenipotenciário do Juazeiro. Para alguns o alter-ego do Padre Cícero. 

Vendedor = Senador gaúcho, General José Gomes Pinheiro Machado Líder do Partido Republicano Conservador que dava sustentação politica ao desgoverno do Presidente da República, o Marechal Hermes da Fonseca. (Rectissimi!! Afinal vendeu o Ceará e sua população à sua mesquinhez e tara pelo poder. Fome, doenças e prosituição. A Seca do Quinze possui seu patrocínio). 


Finis Coronat Opvs


Clovis Ferreira da Cruz Ribeiro de Campos Lobo, PVT 


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Dedicamos esta postagem ao Revdmo Padre Francisco Roserlândio de Souza, pela  sua magnanimidade e grande zelo pela história cearense, sem ele muito material inédito e valioso para história nacional, máxime a cearense, ainda estariam ocultos e servindo como ração às traças.  

Ao Revdmo Padre Gabriel Vila Verde, sempre autêntico e sincero, homem de Deus, por sua humildade, bom coração e interesse pela história do Juazeiro e do Padre Cícero. 

A ambos sempre pedimos e pediremos as bençãos. 


Ao erudito e acatadíssimo genealogista seridoense Dr. Eliton Souto de Medeiros um dos mais talentosos pesquisadores nordestinos. 

Conhecemo-lo, acatamo-lo! Pesquisador probo, hígido, excelente caráter. Soube bem recusar o assédio de araques da genealogia pertencentes à indústria dos cristãos novos, contumazes em abordar este e aquele autor para após oferta de um petit l’argent venham imprimir seus nomes em publicações sob a égide de patrocinadores fins fazer a necessária propaganda do comércio de naturalização portuguesa pela via Sefardi.   


quarta-feira, 5 de maio de 2021

 

Para a História do Ceará

A SALA SECRETA DO PALÁCIO DA LUZ ANTIGA SEDE DO GOVERNO DO ESTADO DO CEARÁ




         Nos alvores do golpe republicano adrede na sua consolidação governava o Ceará o General de Divisão José Clarindo de Queirós, o qual fora nomeado pelo Marechal Manoel Deodoro da Fonseca prócer do golpe republicano de 15/11/1889. 

Aos três de novembro de 1891 o sempre insubordinado Mar Deodoro então presidente da república resolveu iniciar outro motim dissolvendo o Congresso Nacional. Deodoro em nove meses conseguira meter o Brasil em uma gravíssima crise econômica e institucional. Os resultados da desastrada administração de uma cabroeira de péssima formação moral e intelectual já se fazia sentir por todos os rincões da Pátria.

Nada satisfeito com a situação o Contra-Almirante Custódio José de Melo em mais um dos incontáveis golpes-contragolpes da república naquele mesmo mês de novembro cercou a baía da Guanabara e assim condicionou: “Ou Deodoro renuncia ou bombardeio a Capital”.

Deodoro que detestava um combate vis-à-vis tratou logo de dar às de vila Diogo. Renuncia, mas sabe que o Marechal Floriano Vieira Peixoto, seu camarada e companheiro de tragos o qual, na condição de vice-presidente assumiria, ainda que provisoriamente a república por ele criada. 

Como certo os préstimos do “fiel” amigo foi que o ardiloso Deodoro lembrou a Floriano que contava com a lealdade de todos os governadores, afinal fora ele Deodoro, no golpe de novembro de 1889 que os colocara no poder.     

Entrementes, Deodoro sabia que Floriano não poderia permanecer na presidência, pois a Constituição que Deodoro tanto exprobara poderia doravante bem garantir-lhe o retorno ao poder, visto que era ilegal e expressamente vedada a posse do vice-presidente já que houvera vacância do chefe do executivo por intervalo inferior a dois anos.

Deodoro que se achava muito safo profetizou o inconformismo da oposição e a mais que possível revolta da Marinha de Guerra, previu também que a força e a pressão politica dos governadores faria com que ele retornasse a cadeira presidencial. Outrossim, deu como certo que o colega Floriano seria de fácil manipulação. Mal sabia Deodoro que Floriano era muito mais ordinário do que ele.  

Deodoro acertou suas três primeiras profecias, todavia errou feio na terceira, e na quarta levou um verdadeiro de ashi barai de Floriano . 

O pactuado entre ambos era que quando Deodoro voltasse depois da pressão politica dos governadores Floriano continuaria como vice e tudo voltaria ao status quo. 

Os governadores que se aproveitaram do golpe republicano em 1889 para subirem ao poder hipotecaram solidariedade a Deodoro quando este quis reaver a cadeira da presidência. Urgia a Floriano substituir todos os governadores parciais a seu ex-amigo e camarada de motins e bebedeira.

Mas aconteceu que antes dos governadores pudessem coordenar a pressão política pretendida por Deodoro já em março de 1892, treze generais enviaram um manifesto a Floriano Peixoto exigindo o cumprimento da regra constitucional, ou seja, a realização de novas eleições presidenciais.    

Floriano foi implacável reprimindo todo e qualquer movimento de oposição a si. Baniu, prendeu, surrou, torturou, mandou matar, enfim trucidou quantos lhe fizeram oposição à sua tara infrene pelo poder.

A pândega e a degradação promovida por Floriano era tamanha que se faz mandatório reproduzir os excertos do manifesto à nação do Contra Almirante Custódio José de Melo aos 06/09/1893 no Jornal do Brasil.   

“Concidadãos,

Contra a Constituição e contra a integridade da própria Nação, o chefe do Executivo Floriano Peixoto mobilizou o Exército discricionariamente, pô-lo em pé de guerra e despejou-o nos infelizes estados de Santa Catarina e Rio Grande do Sul. Contra quem? Contra o inimigo do exterior, contra estrangeiros? Não. O vice-presidente armou brasileiros contra brasileiros; levantou legiões de supostos patriotas, levando o luto, a desolação e a miséria a todos os ângulos da República (...).

Sentinela do Tesouro Nacional como prometera, o chefe do Executivo perjurou, iludiu a Nação, abrindo com mão sacrílega as arcas do erário público a uma política de suborno e corrupção. (...)”


    O Brasil estava sendo então desgovernado por um traidor, bandido e sociopata com farda de Marechal do Exército! Mesmo assim é difícil não encontrar no Brasil uma cidade que não possua uma praça, rua, avenida que faça homenagem ao Marechal Floriano Peixoto. Como a Pátria tem sido pródiga em prestigiar canalhas!  

E assim consumou-se o golpe republicano. Os filhos de Comte e Constant afinal tomaram o poder no Brasil. 

Ambos, Deodoro e Floriano mais a ajuda do sobrinho de Deodoro, o futuro presidente da república Marechal Hermes Rodrigues da Fonseca, o qual foi promovido de Capitão a Tenente Coronel em menos de dez meses (sic) eram assaz experimentados nas expertises da dissimulação. Postiços. Não passavam de canalhas fardados, subprodutos dos mais baixos coitos do caldeamento do mau-caratismo com a desonra. 

Menos mal foi saber que o escroque Deodoro provara da traição que fizera ao Império do Brasil. Bebeu da mesma cicuta que dera ao honrado imperador, seu próprio benfeitor e leal amigo: SMI D Pedro II.

O trânsfuga Floriano Vieira Peixoto já usara o mesmo expediente recusando o múnus por efeito de seu juramento como militar em comandar a resistência da sua unidade à quartelada de seu “amigo e confidente” Deodoro da Fonseca em 1889. 

Inclusive foi o próprio Floriano a dar voz de prisão ao Sr. Afonso Celso de Assis Figueiredo, o Visconde de Ouro Preto, homem de alta erudição, eminente abolicionista e pai do imortal Afonso Celso de Assis Figueiredo, Jr fundador do Jornal do Brasil. Este o mesmo visconde autor de importante historiografia sobre os primeiros anos dos desgovernos da república.

A mediocridade finalmente triunfara no Brasil e a hediondez dessa mazorca de 1889, malgrado nosso, reverbera negativamente até hoje em nossa amada Pátria. 

Sendo ambos patifes, Floriano bem sabia que Deodoro era seu maior rival. Destarte imperioso substituir todos os governadores que foram simpáticos a Deodoro.

Floriano cooptou seus aliados a soldo de dinheiro, cargos e promoções em sua futura administração. As promessas pecuniárias e de mando foram mais do que suficientes para garantirem as sublevações e as anarquias armadas em todo país. No Ceará não foi diferente, assim, na tarde de 16 de fevereiro de 1892 é deflagrada o levante contra o governador do estado o Gen Bda José Clarindo de Queirós iniciada pelos alunos da Escola Militar de Fortaleza. Já era o terceiro golpe no Ceará em menos de três anos.

O combate foi renhindo até a manhã do dia seguinte, 17/02/1892, luta que teve na artilharia seu divisor de águas. Os obuses e canhões foram lançados contra o Palácio e residência do governador Clarindo de Queirós.  

Até a estátua do General Tibúrcio um dos mais notáveis militares brasileiros na guerra contra o Paraguai fora atingida por projétil de artilharia. Todavia como se o herói quisesse de além-túmulo demonstrar sua indignação com a desonra que Deodoro e Floriano infligiam à Pátria em suas infrenes cobiças pelo mando foi que sua estátua que até hoje se encontra na Praça com seu inatacável nome caiu de pé, quase 90º, para assombro de todos, atacantes e atacados.

Neste bombardeio homiziou o Gen Clarindo de Queirós com seu estado-maior e família numa SALA SECRETA do palácio. Um obuseiro lançou projétil de fragmentação de 11 quilos que atingiu seu alvo, o interior do Palácio. Tivessem na parte leste do palácio no primeiro andar onde ficava o gabinete do governador certamente morreriam. 

                       Palácio do Governo do Ceará após o bombardeio 17/02/1892


Devassado o perímetro da defesa do palácio e, diante da insustentabilidade do combate o Gen Clarindo de Queirós rendeu-se ao comandante da guarnição de Fortaleza, o então Cel Inf e depois Mar José Freire Bezerril Fontenelle que assumiu o governo passando-o, em seguida, ao Maj Eng Benjamin Liberato Barroso, vice-governador, ambos cooptados por Floriano.

Logo após o golpe de 16/02/1892 o mesmo Maj Liberato Barroso em mais outro golpe dissolveu o Congresso Constituinte Cearense.

Quanto ao Gen Clarindo de Queirós herói da guerra da tríplice aliança e desbravador da Amazônia, o próprio Floriano cuidou em garantir seu “futuro”.

Com a covardia peculiar ao seu caráter, Floriano em decreto de 1893 arremessou o Gen Clarindo lá para São Gabriel da Cachoeira no Amazonas, logo na fronteira com a Colômbia, região conhecida hoje como Cabeça do Cachorro.  

Floriano não queria somente liquidar o Gen Clarindo! Antes de matá-lo era mister torturá-lo. Floriano sabia que a malária ou uma pico-de-jaca fariam o serviço de forma lenta e dolorida. E foi exatamente o que aconteceu, pois naquele mesmo ano de 1893 no início de dezembro muito enfermo com malária, o Gen Clarindo de Queirós retornara ao Rio de Janeiro onde de pronto partiu dessa para melhor naquele mesmo mês no dia 28.     

Já seus caudatários, o Maj Liberato Barroso “conseguiu” ser novamente governador em 1914 para logo depois galgar o senado federal em 1918, seu camarada de golpes, o fanático florianista Marechal Bezerril Fontenelle foi governador do Estado do Ceará, em seguida 5 (cinco) vezes deputado federal e 2 (duas) vezes senador da república!

É... 

Certamente para os amigos do amigo valeu mesmo a pena jogar no lixo a honra e a dignidade e aderir ao floriani$mo! 


Negativo! A fotografia não é a imagem de um pinguço da esquina que faz às vezes de “segurança do apito”, tampouco de um guarda municipal da mais atrasada e erma cidade da paupérrima Venezuela com seu desgraçado comunismo bolivariano.  Este é o Marechal Floriano Vieira Peixoto, Exmo. Sr. Presidente da República dos Estados Unidos do Brasil. Dizem os cronistas da época que Floriano era alcoólatra pelo que das consequências do vício expirou precocemente aos 56 anos.

Despiciendo repisar que o Testamento Político atribuído a Floriano em junho de 1895 não veio da sua pena, muito menos da sua inteligência assertiva.  


           Em 1914 em novo golpe -ré-publicano-, (não vá perder de vista o leitor os golpes, contra-golpes e afins), o Ten Cel Eng Marcos Franco Rabelo foi deposto por uma horda de romeiros-jagunços que fizeram do Ceará, Campo ubi Troia, desde o Cariri até os arrabaldes da capital Fortaleza. O leitor inteligente logo percebe que a “hecatombesca” seca de 1915 conseguiu seus nefandos efeitos não pela mingua da chuva, mas pela consequência da desordem politica criada no Ceará, era a antropofágica luta pelo poder e a pecúnia. O estado cearense  em 1914 ficou sem recolher impostos regularmente, sopesando-se a pilhagem provocada pelos “romeiros” que foi descomunal. De mais, a mais, o ano de 1914 foi de copioso inverno, não havendo a sedição do Juazeiro, o Romance de D. Raquel não teria saído do prelo.    

E numa SALA SECRETA do Palácio do Governo do Ceará é que foi armazenada a documentação a qual poderia servir de instrução processual para um dos maiores crimes políticos em terras cearenses. Escândalos quiçá superados somente pelos desmando da dinastia que vem garroteando de forma inclemente o Ceará por mais de um quarto de século.   

E assim a SALA SECRETA permaneceu escondida; Um compartimento no edifício sede do governo do Ceará o qual desde 27 de julho de 1814 por provisão régia, até o ano de 1960 testemunhou todas as fases políticas do estado, desde o Ceará Colônia, passando por Província subalterna, Província autônoma e Estado da Federação. Os mais de 100 governantes do Ceará lá residiram. Vive-se pura história em suas dependências.

Foi a sede do governo do Ceará crismada c. 1929/1930 como Palácio da Luz, para depois ser transformada na Casa de Cultura Raimundo Cela aos 01/03/1975 pelo governador Cel César Cals de Oliveira. E sobre a SALA SECRETA ninguém havia noticiado.

O então governador Tasso Ribeiro Jereissati em 1989 doou o edifício para sede da Academia Cearense de Letras, registre-se aqui, a mais antiga instituição do gênero no país, pois fundada aos 15/09/1894. Mas a SALA SECRETA teimava em ser historiografada.  

Em nosso poder a seguinte correspondência com a respectiva codificação militar de acordo com as instruções gerais para a correspondência do Exército aquela época. Portanto, é com grande satisfação que expomos este importantíssimo e inédito documento para que seja perpetuado nos faustos da história do Ceará, comumente noticiar aos respeitáveis pesquisadores da nossa história que quando em vez recorrem a este nosso humílimo e desprestigiado bloguezinho. Os poucos que tomaram conhecimento do seu conteúdo, tavez apenas o remetente e o destinatário, assim o fizeram há mais de 107 anos.  



Rio, 18 de Março de 1914. Sr. Coronel Setembrino Inspetor 5ª. Região Ceará.

Assinale - Local - Anuncie - Depois – Simulando - Transposição – Muitos - Entulhos - Circunscritos – Palácio – Governador - Edificar - Fosso - Sanitário – Servirem - Gabinete – Ministério - Interior - Acima – Referido - Local - Sanitários - Existe - Sala - Piso - Pronto - Estruture - Dispositivo - Acomodar – Documentos – Departamento - Interior – Comumente – Escada – Porta – Corredor - Departamento – Estado – Interior – Segue – Gabinete – Localizado – Corpo – Guarda – Confirme – Local – Ainda – Houve – Devolvido – Crato – Engenheiro – Funcionário – Estadual - Participou – Malsinadas – Tropas – Ataque – Juazeiro - Comando – Tenente – Lopes – Barros - Saudações (A) Vespasiano de Albuquerque.

Contextualização: 

Assinale local e para encobrir o serviço de remoção dos entulhos das obras circunscritas ao Palácio do Governo simule anunciando que está a ser construída uma fossa sanitária para as latrinas do gabinete da secretaria do interior. Acima do referido local já existe uma sala com piso pronto. Desta estrutura já formada organize sala para acomodar a documentação da Secretaria do Interior*. Há uma escada no corredor de frente a porta da referida Secretaria que conduz a mesma sala que fica por baixo do Corpo da Guarda. O engenheiro civil funcionário estadual que acompanhou as tropas da força estadual comandadas pelo Cel Alípio Lopes de Lima Barros para combater os “romeiros” no ataque ao Juazeiro já retornou para Fortaleza. Saudações. General Vespasiano de Albuquerque (O então Ministro da Guerra).      

(*)Leia-se: Documentos do golpe perpetrado pelo Exmo. Sr. Presidente da República o Marechal Hermes Rodrigues da Fonseca, o Gen Senador/RS. José Gomes Pinheiro Machado e camarilha na defenestração do legitimo govenador do Ceará, o Ten Cel Eng Marcos Franco Rabelo aos 14/03/1914.

Na nossa próxima postagem, SDQ, deslindaremos todos os telegramas cifrados com a respectiva codificação militar os quais darão o coup de grace nas pretensões de "homem honrado" do Gen Bda e Dep. Federal Floro Bartolomeu da Costa e demais políticos da época da Sedição do Juazeiro em 1913/1914. Até lá. 


Finis Coronat Opvs


Dedico esta postagem e nossa decodificação a memória do meu estimado amigo, o 1º Ten Paulo Afonso CAMPELO que desde a Aj G 7ªRM tudo fez para conseguir decifrar este telegrama, enviando-o para as mais diversas seções no RJ e DF sem sucesso.

Tai conclusa minha promessa a si meu amigo Campelo! Missão cumprida! RIP!

 

Gratidão ao padrinho e colega Cel Eng ELIAS Cardoso Leite o qual com amizade sincera sempre me incentivou. 


Ao meu "antipoda", como ele mesmo se definiu, o Dr. Francisco Florêncio, um dos mais escorreitos historiadores e memorialistas nordestinos, de talento, tirocínio e perspicácia à toda prova, o qual magnanimamente me doou vários livros, pelo que até hoje não lhe agradeci por dar  como certa outra discussão que evoluiria inevitavelmente para nova briga. Portanto, aqui faço o registro dos meus melhores cumprimentos e agradecimentos: Obrigado mestre. Diabolos Ex Machina. 


050547ZMai21Qua

 

SD Clovis Ferreira da Cruz Ribeiro de Campos LOBO.

 

Bibliografia:

Nosso HD biológico

Imagens: 

Créditos imagem telegrama cifrado: FGV

Créditos da imagem interior do palácio: 

Patrimônios Históricos. Leila Nobre, Igor de Melo, Michele Boroh.

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